A Trabalho, Educação e Saúde (TES) é uma revista científica em acesso aberto, editada pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fundação Oswaldo Cruz.

Edição Atual | v. 16 n. 3 (2018)

Publicação contínua
Artigo de Revisão

Atividades desenvolvidas por profissionais de núcleos de apoio à saúde da família: revisão da literatura

Arce, V A R;
Teixeira, C. F.

10.1590/1981-7746-sol00158

Atividades desenvolvidas por profissionais de núcleos de apoio à saúde da família: revisão da literatura

Este artigo tem como objetivos sintetizar as características da produção científica brasileira acerca das atividades desempenhadas pelos profissionais dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família, analisar o conteúdo destas atividades e identificar os aspectos facilitadores e dificultadores do processo de trabalho da equipe. Trata-se de uma revisão da literatura publicada no período de 2008 a 2015 nas bases eletrônicas SciELO e Lilacs. Os resultados evidenciam a predominância de estudos qualitativos que descrevem as atividades realizadas por profissionais específicos, especialmente o acolhimento, a assistência e a reabilitação, sendo menos expressivas as ações de promoção da saúde, prevenção, proteção e vigilância, planejamento, programação, controle, avaliação e gestão. As ações de capacitação e educação permanente são as menos discutidas. São aspectos facilitadores a proatividade e a boa relação interprofissional, e dificultadores a persistência do modelo biomédico no âmbito da Saúde da Família, as precárias condições de trabalho e a falta de apoio da gestão. Percebe-se uma tendência à reprodução da perspectiva assistencial hegemônica no âmbito do Núcleo de Apoio à Saúde da Família, em detrimento de um processo de mudança orientado para a integralidade da atenção.


PDF

Fechar Mais informações

Artigo

Determinação ou determinantes sociais da saúde: texto e contexto na América Latina

Borghi, C M S d O;
Oliveira, R M d;
Sevalho, G.

10.1590/1981-7746-sol00142

Determinação ou determinantes sociais da saúde: texto e contexto na América Latina

Determinação social da saúde e determinantes sociais da saúde têm se apresentado como sinônimos em um contexto de retomada do tema. A concepção de determinação e determinantes e a historicidade desses modelos teóricos transcende o plano acadêmico, ao se considerar a particularidade envolvendo saúde pública, saúde coletiva e medicina social, em que ciência e política se relacionam estreitamente. Ao se delinearem diferenças entre essas denominações, procura-se neste ensaio recuperar, no plano teórico, a elaboração de determinação social da saúde, destacando sua relação com o conhecimento produzido na América Latina e sua repercussão no Brasil, bem como as influências dos paradigmas científicos, epistemológicos, arcabouços teóricos e projetos em disputa nesse campo. Para abranger dimensões políticas e acadêmicas que os modelos teóricos comportam, recorremos ao auxílio de autores que transitam entre diferentes campos de conhecimento. Sem a pretensão de esgotar todos os possíveis pontos de contemplação que nossa incursão proporcionou, apresentamos uma síntese de nossa concepção do modelo teórico de determinantes sociais da saúde e sobretudo de determinação social da saúde, que propomos desmembrar em duas categorias, determinação estrutural e determinação estrutural-relacional, para, ao enfatizar epistemologicamente a complexidade, permitir melhor contemplação de avanços teóricos e metodológicos.


PDF

Fechar Mais informações

Artigo

Subjetivação dos médicos cubanos: diferenciais do internacionalismo de Cuba no Programa Mais Médicos

Gomes, L B;
Merhy, E E;
Ferla, A. A.

10.1590/1981-7746-sol00147

Subjetivação dos médicos cubanos: diferenciais do internacionalismo de Cuba no Programa Mais Médicos

Para compreender certos efeitos do Programa Mais Médicos, estudamos os processos de subjetivação que operaram na constituição dos médicos cubanos ao longo do processo revolucionário desencadeado desde o final da década de 1950. Para tanto, analisamos diversas publicações e consideramos nossas experiências com esses profissionais, usando as formulações de Michel Foucault sobre como as relações de poder-saber constituem os indivíduos, na conexão entre os aspectos políticos e os processos éticos. Evidenciamos o papel que o sistema público de saúde tem na Revolução Cubana, identificando a centralidade dos médicos nesse processo; discutimos os aspectos morais que incidem na constituição ética dos médicos cubanos, especialmente a figura do revolucionário e as práticas de internacionalismo solidário. Por fim, analisamos as transformações recentes naquele país e suas consequências ainda indefinidas sobre a subjetivação dos médicos cubanos.


PDF

Fechar Mais informações

Artigo

Afirmando um éthos de pesquisador em saúde: processos participativos de restituição de resultados de pesquisas

Ferreira, J P;
Silva, C O d;
Barros, M E B d;
Rotenberg, L.

10.1590/1981-7746-sol00081

Afirmando um éthos de pesquisador em saúde: processos participativos de restituição de resultados de pesquisas

Este estudo procurou abrir discussão metodológica nas pesquisas em saúde a partir de mal-estar provocado por diretriz dominante, para a qual há uma realidade pronta a ser desvendada, cabendo ao pesquisador acessá-la. Descrevemos um cultivo do processo investigativo por meio da devolutiva de resultados de pesquisa epidemiológica em hospitais públicos no Rio de Janeiro, entre 2010 e 2013. A devolutiva privilegiou o diálogo com trabalhadores da enfermagem segundo o conceito de restituição da análise institucional. Realizamos grupos de discussão de resultados e encontros de saúde do trabalhador de enfermagem, reunindo gestores e trabalhadores na pactuação de ações no campo da saúde do trabalhador. A participação desses atores transformou modos de pesquisar-intervir, considerando que práticas em saúde se fazem no encontro entre sujeitos. Mediante ferramentas comumente usadas para informação dos resultados, caminhamos da devolução meramente informativa à restituição participativa. Ao forjar de forma coletiva o processo de restituição, tensionamos pesquisas que tomam de forma dicotômica relações pesquisador-pesquisado, entendendo que metodologias e instrumentos surgem num processo de coengendramento. Tratou-se de transformar preocupações éticas dos pesquisadores em saúde em um éthos de pesquisador em saúde, segundo entendimento de que a pesquisa acontece no coletivo, que inclui pesquisadores e pesquisados na produção de um comum.


PDF

Fechar Mais informações

Artigo

Vulneração programática como categoria explicativa dos problemas éticos na atenção primária à saúde

Junges, J R;
Barbiani, R;
Zoboli, E. L. C. P.

10.1590/1981-7746-sol00149

Vulneração programática como categoria explicativa dos problemas éticos na atenção primária à saúde

Problemas éticos da saúde pública – especialmente os atinentes à atenção primária – demandam uma abordagem específica adequada. A análise fatorial quantitativa sobre problemas éticos na atenção primária apontou gestão, longitudinalidade, prática de equipe, perfil profissional, sigilo e privacidade como pontos específicos. A etapa qualitativa posterior pesquisou exemplos e caminhos de solução, por meio de discussão focal com equipes da atenção primária de Porto Alegre e de Sapucaia do Sul, no Rio Grande do Sul. A abordagem metodológica seguida foi a Teoria Fundamentada. A análise dos resultados teve como pontos de referência as condições causais e intervenientes e as estratégias de ação diante desses problemas. A fragmentação do atendimento e a falta de protagonismo, ocasionadas pelo insuficiente planejamento e pela educação permanente, fragilizam usuários e profissionais. O refinamento desses resultados pela codificação seletiva chegou à categoria nuclear da vulneração programática como categoria explicativa da ocorrência dos problemas éticos na atenção primária.


PDF

Fechar Mais informações

Artigo

Recursos humanos em hospitais estaduais gerenciados por organizações sociais de saúde: a lógica do privado

Fernandes, L E M;
Soares, G B;
Turino, F;
Bussinguer, E C d A;
et al.

10.1590/1981-7746-sol00140

Recursos humanos em hospitais estaduais gerenciados por organizações sociais de saúde: a lógica do privado

Este estudo teve como principal objetivo analisar as políticas de recursos humanos em saúde nos hospitais estaduais gerenciados por organizações sociais de saúde no Espírito Santo. Para tal, efetuou-se uma pesquisa qualitativa, elegendo-se como campo de investigação as organizações sociais que gerenciam hospitais públicos no estado. Na coleta de dados, buscaram-se as normativas e os contratos de gestão firmados entre 2008 e 2016 e realizaram-se entrevistas individuais com os gestores de recursos humanos das instituições participantes. Na análise dos materiais de campo, lançou-se mão da técnica de análise de conteúdo, sendo eleitas cinco categorias empíricas de análise dos contratos: modelo de vínculo empregatício, permissão de contratação de pessoa jurídica, percentual de gastos com pessoal, procedimento de contratação de pessoal, metas relativas à gestão de pessoas. As entrevistas foram analisadas pelas unidades de significação como proposto por Kvale. Os resultados demonstraram que os contratos omitem informações exigidas legalmente e possuem aditivos em demasia. As práticas de gestão de pessoas são próprias de empresas privadas, atendendo a algumas orientações do trabalho em saúde, contudo não referenciando o Sistema Único de Saúde. Adotam métodos divergentes das regras do concurso público e da não precarização do trabalho.


PDF

Fechar Mais informações

Artigo

O trabalho na estratégia saúde da família e a persistência das práticas curativistas

Brito, G E G d;
Mendes, A d C G;
Santos Neto, P. M. d.

10.1590/1981-7746-sol00164

O trabalho na estratégia saúde da família e a persistência das práticas curativistas

Trata-se de pesquisa com o objetivo de analisar a percepção sobre o trabalho na Estratégia Saúde da Família. Foi realizado um estudo de caso em João Pessoa, no estado da Paraíba, em 2014, que utilizou questionário aplicado a uma amostra de trabalhadores de nível superior (n = 342), entrevistas com gestores (n = 6), profissionais (n = 12) e observação simples in loco . Os dados foram tratados por meio da análise do conteúdo e estatística descritiva. A finalidade do trabalho da Estratégia Saúde da Família mais evidente no componente qualitativo foi de melhorar as condições de saúde dos usuários. Concretizava-se pela prevenção, promoção, educação e tratamento de doenças, incorporando o conceito ampliado de saúde e autonomia da população. Porém, de acordo com os dados quantitativos, era dispensado pouco tempo para tais atividades quando comparado ao destinado à demanda espontânea, gerando um expressivo número de consultas individuais. Práticas de educação, prevenção, promoção e abordagens em grupo devem ser estimuladas e incorporadas ao cotidiano da Estratégia Saúde da Família de maneira transversal a todas as ações, no qual a clínica ampliada é uma potente ferramenta. O maior envolvimento dos profissionais nestas atividades qualificará a assistência por meio da interprofissionalidade e favorecerá o rompimento com as práticas curativistas.


PDF

Fechar Mais informações

Artigo

Curso para a formação histórico-política na graduação em saúde: análise de uma construção partilhada

David , H M S L;
Pina , J A;
Stotz , E N;
Lima Júnior, I A;
et al.

10.1590/1981-7746-sol00141

Curso para a formação histórico-política na graduação em saúde: análise de uma construção partilhada

A graduação universitária das áreas da saúde vem sendo debatida quanto às necessidades de mudanças curriculares em torno dos princípios do Sistema Único de Saúde, entre outros temas. Dentre os desafios apontados, está o da superação da formação tecnicista e operacional e a ampliação da capacidade de reflexão crítica do aluno sobre as determinações históricas e políticas da saúde. O texto analisa o processo ensino-aprendizagem numa perspectiva crítica a partir do curso para a Formação Histórica e Política de Estudantes de Graduação das Áreas da Saúde, atividade extensionista desenvolvida na modalidade semipresencial em nível nacional, apoiada pela Política Nacional de Educação Popular em Saúde no Sistema Único de Saúde. No presente artigo, foi analisada a experiência vivenciada no curso ocorrido de março a dezembro de 2014. O desenvolvimento do curso apoiou-se na concepção teórica e metodológica da construção compartilhada do conhecimento, orientada pelo campo da Educação Popular e Saúde. O artigo apresenta: histórico e processo de construção do curso, projeto político-pedagógico, material didático-pedagógico e contribuições e questões, com apontamentos sobre potenciais desdobramentos futuros em processos formativos na área da saúde.


PDF

Fechar Mais informações

Artigo

A participação de instituições de ensino superior privadas na formação em saúde no Brasil

Franco , T d A V;
Dal Poz , M. R.

10.1590/1981-7746-sol00163

A participação de instituições de ensino superior privadas na formação em saúde no Brasil

O ensino superior brasileiro, historicamente, é marcado pela presença de instituições privadas. Durante a franca expansão ocorrida nas duas últimas décadas, o setor privado apresentou um crescimento no número de matrículas e no percentual de participação. Este artigo descreve a participação privada nas graduações da saúde no período entre 1993 e 2013. A revisão bibliográfica sobre o ensino superior brasileiro e a análise descritiva de dados secundários evidenciaram que a participação do setor privado na formação em saúde, em muitos aspectos, tem sido compatível com a dinâmica do setor de ensino superior. Na década de 1990, o crescimento do setor privado foi tendência em todas as graduações em saúde, e na maior parte dos cursos as taxas de crescimento foram maiores que a média nacional. No período entre 2003 e 2013, os cursos de Medicina, Odontologia e Serviço Social apresentaram taxas de crescimento maiores que no período anterior e os demais apresentaram uma desaceleração das taxas de crescimento; já nos cursos de Biologia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional, observou-se uma redução do número de matrículas em instituições privadas.


PDF

Fechar Mais informações

Artigo

Qualificação de profissionais da saúde para a atenção às mulheres em situação de violência sexual

Remigio, G A M;
Freitas , K M d;
Cavalcanti , L F;
Vieira , L J E d S;
et al.

10.1590/1981-7746-sol00156

Qualificação de profissionais da saúde para a atenção às mulheres em situação de violência sexual

Analisou-se a qualificação de profissionais da saúde para a atenção às mulheres em situação de violência sexual em duas capitais brasileiras, em estudo qualitativo envolvendo 140 profissionais de diferentes categorias de 18 instituições de saúde em Fortaleza e Rio de Janeiro. Entrevistas semiestruturadas foram realizadas e o material empírico foi analisado segundo a técnica de análise de conteúdo. Lacunas na formação dos profissionais decorrentes da insuficiente abordagem do tema durante a graduação dos cursos da área da saúde foram observadas nos dois municípios. A fragilidade da qualificação profissional para esse tipo de atuação foi reforçada por lacunas nas ações de capacitação. No município do Rio de Janeiro essas ações mostraram-se mais frequentes e contínuas. Importante a inclusão do tema na formação profissional, a ampliação de processos de capacitação e a atualização das equipes de saúde nos serviços. Tais medidas podem viabilizar um entendimento crítico sobre o fenômeno, contribuindo para implementar intervenções diferenciadas.


PDF

Fechar Mais informações

Artigo

Cuidado a pessoas com tuberculose privadas de liberdade e a educação permanente em saúde

Fabrini , V C N;
Carvalho , B G;
Mendonça , F d F;
Guariente, M. H. D.

10.1590/1981-7746-sol00166

Cuidado a pessoas com tuberculose privadas de liberdade e a educação permanente em saúde

A tuberculose é um dos principais agravos a ser enfrentado no mundo, e a alta incidência na população privada de liberdade (904,9/100 mil habitantes, em 2013) contribui para a dimensão do problema. Este estudo apresenta a análise baseada em pesquisa-ação, desenvolvida em uma intervenção institucional que usou a Educação Permanente em Saúde para reorganização do cuidado prestado às pessoas com tuberculose e privadas de liberdade. Participaram da pesquisa os trabalhadores de enfermagem de uma penitenciária do Paraná, por meio de sete oficinas de Educação Permanente em Saúde. Três delas tematizaram o trabalho em equipe, acolhimento e corresponsabilidade; em outras duas, discutiram-se aspectos atuais da doença, a prática de cuidado desenvolvida e uma nova proposta de trabalho foi construída pela equipe. As duas últimas monitoraram a proposta implantada e corrigiram falhas. A pesquisa-ação articulada à Educação Permanente em Saúde mostrou-se apropriada ao desenvolvimento da intervenção, possibilitou a mudança de práticas dos trabalhadores e a transformação do cuidado às pessoas com tuberculose na instituição.


PDF

Fechar Mais informações

Artigo

Avaliação da organização do cuidado em saúde mental na atenção básica à saúde do Brasil

Gerbaldo, T B;
Arruda, A T;
Horta , B L;
Garnelo , L.

10.1590/1981-7746-sol00150

Avaliação da organização do cuidado em saúde mental na atenção básica à saúde do Brasil

Este artigo resultou de um estudo transversal sobre o cuidado em saúde mental com 29.778 equipes da Estratégia Saúde da Família de todo o Brasil (87,1% do total), incluindo avaliação normativa dos dados do segundo ciclo do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (2013-2014) nas dimensões perfil dos profissionais, promoção da saúde mental, gestão e oferta do cuidado. Os resultados mostraram que 33,8% dos entrevistados tinham vínculo trabalhista precário e 60,3% deles se sentiam despreparados para atuar em saúde mental. A oferta do conjunto de ações avaliadas só ocorreu em 9,5% das equipes em todo o Brasil (2,2% na região Norte). Cerca de metade não desenvolvia estratégias de promoção da saúde e apenas 9,8% efetivavam a gestão do cuidado. Concluiu-se que os baixos percentuais de implantação em nível nacional coexistem com expressivas desigualdades regionais, com piores resultados no Norte. Fazem-se necessários o fortalecimento de ações de promoção da saúde, a qualificação das equipes, a desprecarização de vínculos e o reordenamento da gestão do cuidado.


PDF

Fechar Mais informações

Artigo

Cuidado aos usuários de álcool na atenção primária: moralismo, criminalização e teorias da abstinência

Malvezzi , C D;
Nascimento , J. L. d.

10.1590/1981-7746-sol00153

Cuidado aos usuários de álcool na atenção primária: moralismo, criminalização e teorias da abstinência

Os danos advindos do uso prejudicial de álcool ganharam destaque a partir do século 18, com a ascensão do capitalismo. Medidas de controle governamentais e sanitárias acompanharam a construção sócio-histórica. No Brasil, a Política de Álcool e Drogas do Ministério da Saúde, instituída nos anos 2000, propôs ações de cuidado em rede, incluindo os serviços da atenção primária. Apesar de esforços para qualificar os profissionais, as ações em saúde se mostram pouco acolhedoras, estigmatizantes e ineficazes diante da complexidade do tema. Objetivando conhecer e analisar as crenças e as práticas de saúde no cuidado ao usuário de álcool na atenção primária à saúde, foi realizado este estudo qualitativo com profissionais de saúde de um serviço de atenção primária, utilizando-se da entrevista semiestruturada e da análise de conteúdo. Os referenciais teóricos relacionados à saúde coletiva e às ciências sociais dão sustentação a esta análise. Os resultados apontaram para atitudes moralizantes e preconceituosas, com uma prática que criminaliza o uso de álcool, principalmente nas classes menos favorecidas, pautada por condutas normatizadas, foco na eliminação dos riscos e na abstinência total, em consonância com o modelo biomédico hegemônico, e distante das necessidades dos sujeitos e da complexidade que envolve a questão.


PDF

Fechar Mais informações

Artigo

Núcleo de Apoio à Saúde da Família e trabalho interprofissional: a experiência do município de Campinas (SP)

Castro , C P d;
Nigro , D S;
Campos , G. W. d. S.

10.1590/1981-7746-sol00143

Núcleo de Apoio à Saúde da Família e trabalho interprofissional: a experiência do município de Campinas (SP)

Este estudo buscou compreender a dinâmica do processo de institucionalização do único Núcleo de Apoio à Saúde da Família implantado em Campinas, São Paulo. Embora seja município precursor da prática de apoio matricial, nele a implantação do Núcleo ocorre em ritmo lento, sendo relevante identificar fatores relacionados à inexpressiva presença deste arranjo organizacional, assim como analisar suas práticas. Optou-se pelo emprego do estudo de caso único, e para a produção de material empírico utilizou-se a observação participante e grupos focais. Os dados foram agrupados em dois eixos: a ‘história feita’, focalizando o contexto das políticas de saúde municipais; a ‘história se fazendo’, que remete à compreensão das percepções dos participantes daquela história. Observou-se que a experiência do Núcleo de Apoio à Saúde da Família estudado apresenta potencialidades e tensões. A metodologia do apoio matricial fundamenta a atuação da equipe e favorece o vínculo com a atenção básica, o desenvolvimento de uma relação interprofissional interativa, pautada no intercâmbio de conhecimentos e fortalecimento do trabalho em rede. Entretanto, as dificuldades para a ampliação desses núcleos como arranjo organizacional prioritário indicam a permanência de tensões que remetem ao histórico de conformação das práticas de matriciamento, pautadas em equipes autônomas e organizadas por áreas temáticas.


PDF

Fechar Mais informações

Artigo

Configurações do processo de trabalho em núcleos de apoio à saúde da família e o cuidado integral

Nascimento , C M B d;
Albuquerque , P C d;
Sousa , F d O S;
Albuquerque , L C d;
et al.

10.1590/1981-7746-sol00154

Configurações do processo de trabalho em núcleos de apoio à saúde da família e o cuidado integral

O estudo tem como objetivo sistematizar as configurações de Núcleos de Apoio à Saúde da Família. Trata-se de uma pesquisa qualitativa realizada em três municípios da Região Metropolitana do Recife, que utilizou dados coletados com grupos focais em três Núcleos de Apoio à Saúde da Família, analisados por meio da técnica de condensação de significados. Os resultados permitiram sistematizar três tipos de configurações: assistencial-curativista, que apresenta um distanciamento intenso do objetivo do Núcleo de Apoio à Saúde da Família; semimatricial, considerado uma configuração intermediária, e o matricial, que se aproxima mais do modelo ideal, preconizado pelo Ministério da Saúde. Conclui-se que existe, nos três municípios, uma proposta recente, frágil e que, apesar de ter potencialidades, é permeada por conflitos, contestações e incertezas. As informações obtidas podem subsidiar o planejamento e a execução de ações que busquem romper com vários conceitos hegemônicos norteadores da atuação dos profissionais de saúde na atenção básica.


PDF

Fechar Mais informações

Artigo

O sentido de comunidade em uma equipe multiprofissional hospitalar: hierarquia, individualismo, conflito

Wanderbroocke , A C N d S;
Baasch , C;
Antunes , M C;
Menezes , M.

10.1590/1981-7746-sol00155

O sentido de comunidade em uma equipe multiprofissional hospitalar: hierarquia, individualismo, conflito

A trajetória profissional ocupa espaço significativo na vida das pessoas na atualidade. Com base nesta premissa, procurou-se compreender o sentido de comunidade no contexto de trabalho de uma equipe multiprofissional hospitalar. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, realizada por meio de entrevistas semiestruturadas, das quais participaram oito profissionais do ambulatório de hematologia e oncologia pediátrica de um hospital público do sul do Brasil, de abril a junho de 2015. As entrevistas foram analisadas à luz das Práticas Discursivas. Estabeleceram-se quatro categorias, decorrentes dos componentes teóricos do sentido de comunidade. Os resultados indicam que os elementos pertencimento; influência; integração e satisfação das necessidades; e ligações emocionais compartilhadas estavam presentes nos discursos da equipe. Houve proximidade entre as narrativas das participantes e o conceito de comunidade para a caracterização do contexto de trabalho e das relações desenvolvidas. Contudo, também foram notados indícios de tensionamento hierárquico nas relações, a valorização de práticas individualistas, o conflito não externalizado e a dificuldade de lidar com as diferenças. Conclui-se que há necessidade de maior investimento na valorização e integração dos diferentes profissionais implicados no processo de promoção de saúde e no fomento do sentido de comunidade nas equipes hospitalares.


PDF

Fechar Mais informações

Artigo

A práxis médica no pronto atendimento diante do paciente com sequelas crônicas: culpa, temor e compaixão

Aredes , J d S;
Giacomin , K C;
Firmo , J. O. A.

10.1590/1981-7746-sol00151

A práxis médica no pronto atendimento diante do paciente com sequelas crônicas: culpa, temor e compaixão

Qual é a relação entre as urgências e o cuidado crônico? Esta questão, aparentemente paradoxal, foi abordada em uma etnografia realizada no maior hospital de pronto socorro de uma metrópole brasileira, a qual investigou o cuidado médico desde a admissão até a ratificação da condição clínico-funcional do paciente sequelado grave. Entre dezembro de 2012 e agosto de 2013 foram realizadas observação participante e entrevistas com 43 médicos: 25 homens e 18 mulheres, de 28 a 69 anos. A análise, guiada pelo modelo dos signos, significados e ações, levou à constatação de que o cuidado varia segundo o contexto: na ‘porta de entrada’ e no ‘centro de terapia intensiva’ luta-se intensamente pela manutenção da vida; no setor ‘crônicos’, cuida-se de pessoas que sobrevivem, mas com alto grau de dependência. Para o médico, ‘vida’ significa a recuperação da funcionalidade prévia, enquanto a sobrevida com dependência seria uma ‘morte em vida’. O médico se esquiva de lidar com um ser humano altamente limitado, pois sente-se de algum modo culpado pelo quadro, embora se compadeça diante do paciente que demanda cuidados crônicos. A insuficiência de uma rede de cuidados continuados e a falta de formação paliativista do médico geram sofrimentos a quem cuida e a quem é cuidado.


PDF

Fechar Mais informações

Artigo

Organizações sociais de saúde financiadas por emendas parlamentares

Turino , F;
Sodré , F.

10.1590/1981-7746-sol00144

Organizações sociais de saúde financiadas por emendas parlamentares

A pesquisa analisou os repasses de recursos para as Organizações Sociais de Saúde por meio de emendas parlamentares na Assembleia Legislativa do Espírito Santo. Trata-se de estudo feito por análise documental. Foi realizado o cruzamento dos dados para identificar a possibilidade de recebimento de recursos financeiros por essas organizações mediante emendas parlamentares entre 2009 e 2014. Foram analisadas 109 emendas que propuseram recursos financeiros para as Organizações Sociais de Saúde e suas mantenedoras. No período foi proposto um total de R$ 4,817 milhões para as instituições: R$ 4,627 milhões para a Associação Evangélica Beneficente Espírito-Santense e R$ 190 mil para a Associação Congregação de Santa Catarina. De acordo com os dados, há relação entre o número de propostas de emendas parlamentares direcionadas para as mantenedoras e partidos políticos que venceram as eleições. Nos anos eleitorais há aumento no número de propostas de emendas. Destacamos a inexistência de instrumentos de transparência na Assembleia Legislativa do Espírito Santo para fiscalizar as execuções das emendas parlamentares.


PDF PDF inglês

Fechar Mais informações

Artigo

Carga semanal de trabalho para enfermeiros no Brasil: desafios ao exercício da profissão

Oliveira , B L C A d;
Silva , A. M. d.

10.1590/1981-7746-sol00159

Carga semanal de trabalho para enfermeiros no Brasil: desafios ao exercício da profissão

Este estudo teve por objetivo apresentar a distribuição de enfermeiros no mercado de trabalho com carga horária semanal maior ou igual a quarenta horas segundo as regiões e o local público ou privado de trabalho no Brasil. Tratou-se de estudo transversal, realizado entre 10 e 27 de fevereiro de 2017, com dados on-line das pesquisas de assistência médico-sanitária realizadas em 2002, 2005 e 2009 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Analisou-se um total de 179.337 enfermeiros nos três anos avaliados. Compararam-se as suas proporções de acordo com as regiões geográficas e o local de trabalho utilizando-se o teste qui-quadrado de Pearson (α = 5%). A enfermagem foi a única das profissões da saúde de nível superior que apresentou crescente e maior proporção de profissionais com carga de trabalho maior ou igual a quarenta horas semanais (p<0,001) nos anos avaliados, em que a maior proporção é no setor público e nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sul do país. A enfermagem ainda permanece com carga de trabalho desfavorável, que consiste em desafio para os enfermeiros e para a enfermagem como profissão.


PDF

Fechar Mais informações

Artigo

Condições de trabalho e saúde no contexto da previdência social em Santa Catarina

Goulart , P M;
Lacaz, F A d C;
Lourenço, E. Â. d. S.

10.1590/1981-7746-sol00157

Condições de trabalho e saúde no contexto da previdência social em Santa Catarina

Objetivou-se, nesta pesquisa quanti e qualitativa, conhecer e analisar as condições de trabalho de servidores públicos que atuam no Instituto Nacional de Seguro Social vinculados à Previdência Social do sul de Santa Catarina, com atenção às implicações em sua saúde. Tratou-se de estudo exploratório, realizado de 2013 a 2017. Dele participaram 165 trabalhadores vinculados a 11 agências do Instituto Nacional de Seguro Social daquela região, que responderam a questionário com escalas sobre condições de trabalho e bem-estar, associadas a perguntas abertas. Em um segundo momento, adotou-se a técnica de narrativas, com a finalidade de complementar as informações. Os resultados das escalas de condições de trabalho (0-10) obtiveram média de 6,65 (DP = 1,39), enquanto no que se refere ao bem-estar (0-7) a média foi de 4,99 (DP = 1,13). Observaram-se dilemas éticos decorrentes da qualidade do trabalho, na medida em que se prioriza o alcance de metas quantitativas, devido à penetração da lógica privada na gestão do trabalho no espaço público. Concluiu-se que as condições de trabalho e bem-estar trazem repercussões negativas para a saúde dos trabalhadores.


PDF

Fechar Mais informações

Artigo

Os novos sanitaristas no mundo do trabalho: um estudo com graduados em saúde coletiva

Viana, J L;
Souza, E. C. F. d.

10.1590/1981-7746-sol00146

Os novos sanitaristas no mundo do trabalho: um estudo com graduados em saúde coletiva

Discorreremos sobre a inserção profissional dos bacharéis em Saúde Coletiva, especificamente quanto aos desafios, potencialidades e estratégias de inserção no mundo do trabalho. A produção dos dados ocorreu, principalmente, por três sessões de grupo focal com os egressos dos anos de 2012.2, 2013.2 e 2014.2, da graduação de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Os relatos extraídos foram sistematizados e submetidos à técnica de análise de conteúdo temática de Bardin. Sobre os desafios profissionais, debatemos as subcategorias: remuneração, reconhecimento da profissão em Saúde Coletiva, interferência política, e identidade. Já as potencialidades têm as seguintes subcategorias: vivências práticas durante a formação; núcleo de saber e prática da Saúde Coletiva; e cenário da Secretaria Municipal de Saúde de Natal. Quanto às estratégias para inserção profissional, identificamos ações de caráter individual e coletivo, um movimento organizado por egressos e estudantes, que visam divulgar o curso e seu profissional, bem como avançar no processo de construção de uma nova profissão.


PDF

Fechar Mais informações

Artigo

Exploração e sofrimento mental de professores: um estudo na rede estadual de ensino do Paraná

Albuquerque, G S C d;
Lira, L N A;
Santos Junior, I d;
Chiochetta, R L;
et al.

10.1590/1981-7746-sol00145

Exploração e sofrimento mental de professores: um estudo na rede estadual de ensino do Paraná

A reestruturação do mundo do trabalho tem exercido forte impacto sobre as condições de vida e saúde da classe trabalhadora. Os professores têm sofrido, assim como os demais trabalhadores, a precarização do trabalho, entre outras consequências da acumulação flexível, com o aumento das exigências sem o incremento suficiente dos recursos necessários para o desempenho do trabalho. A intensa elevação do sofrimento mental dos docentes parece estar ligada às novas condições de trabalho. Visando a fornecer subsídios para o enfrentamento dessa questão, realizou-se pesquisa buscando verificar a associação entre a elevação da exploração no trabalho dos docentes e o sofrimento mental. Efetuou-se estudo transversal por meio da plataforma Limesurvey, em que 1.201 professores da rede estadual responderam a dois questionários on-line: o Self-Reporting Questionnaire-20 e outro, elaborado pelos pesquisadores, sobre as condições de trabalho dos docentes. Carga horária semanal, número de alunos por turma e número de turmas por professor apresentaram associação com transtornos psíquicos menores. A associação de número de alunos por turma com a presença de transtorno psíquico menor foi estatisticamente significativa. Concluiu-se que a prevalência de casos indicativos de distúrbios psíquicos é muito elevada entre os professores, havendo indícios de associação com diversas formas de exploração no trabalho docente.


PDF

Fechar Mais informações

Artigo

Autoavaliação negativa da saúde em trabalhadoras de enfermagem da atenção básica

Lua, I;
Almeida, M M G d;
Araújo, T M d;
Soares, J F d S;
et al.

10.1590/1981-7746-sol00160

Autoavaliação negativa da saúde em trabalhadoras de enfermagem da atenção básica

O objetivo deste estudo é avaliar os fatores associados à autoavaliação negativa da saúde entre trabalhadoras de enfermagem. Realizou-se estudo transversal exploratório, com amostra probabilística de 451 trabalhadoras de enfermagem da Atenção Básica à Saúde. Foi aplicado questionário com informações sociodemográficas, de hábitos de vida, ocupacionais, aspectos psicossociais e satisfação no trabalho e morbidade das trabalhadoras. A autoavaliação da saúde foi aferida por meio da questão “De modo geral, em comparação às pessoas da sua idade, como você considera o seu próprio estado de saúde?”. Os dados foram analisados por meio do modelo de regressão logística em blocos. Identificou-se prevalência de 15,8% de autoavaliação negativa da saúde. Os fatores associados foram: incompatibilidade das atividades desenvolvidas com o cargo, média e alta sobrecarga doméstica, situação de trabalho ativo (alto controle, alta demanda), avaliação ruim da qualidade de vida e transtornos mentais comuns. Os achados corroboram a relação entre processo saúde-doença e condições de vida e trabalho e indicam a necessidade de políticas públicas de prevenção e promoção da saúde das trabalhadoras de enfermagem. Essas politicas, ao constituir situações favoráveis de trabalho, podem ser muito relevantes para a qualidade da assistência prestada aos usuários do Sistema Único de Saúde.


PDF

Fechar Mais informações

Artigo

A socialização profissional no percurso de técnico a enfermeiro

Ferreira Junior, A R;
Fontenele, M E P;
Albuquerque, R A d S;
Gomes, F M A;
et al.

10.1590/1981-7746-sol00152

A socialização profissional no percurso de técnico a enfermeiro

A pesquisa analisou o processo de socialização e transformação de técnicos de enfermagem em enfermeiros por meio de um estudo do tipo exploratório descritivo, de abordagem qualitativa, com a participação de 24 técnicos de enfermagem cursando graduação em uma universidade do Ceará, Brasil. Foi realizada de setembro a outubro de 2016, por intermédio de entrevistas semiestruturadas individuais, com análise temática para organização das informações, discutidas segundo os pressupostos da sociologia das profissões. Com base nos resultados, originaram-se três categorias: motivações para ascensão profissional; dessemelhanças entre o trabalho do técnico de enfermagem e o do enfermeiro; e amadurecimento profissional no processo formativo. Percebeu-se o processo de socialização profissional na trajetória formativa de um técnico em enfermeiro, motivada pelo desejo de ascensão profissional. A transição gradativa é importante para a adaptação do técnico de enfermagem a uma nova identidade em construção, o que pode facilitar a migração entre os indivíduos com distintos níveis de complexidade na atuação da enfermagem.


PDF

Fechar Mais informações

Artigo

Ideologia e discursos sobre trabalho, educação e saúde nos descritores em ciências da saúde

Ideologia e discursos sobre trabalho, educação e saúde nos descritores em ciências da saúde

Este artigo analisa o instrumento de indexação e recuperação da informação denominado Descritores em Ciências da Saúde como um objeto ideológico-discursivo, na perspectiva da análise do discurso franco-brasileira. A pesquisa foi realizada entre os anos de 2014 e 2015. Para tal, consideramos as condições históricas em que os Descritores em Ciências da Saúde foram criados e traçamos um paralelo entre determinado aspecto da educação e os significados de alguns verbetes relacionados ao campo trabalho, educação e saúde. Em última instância, procuramos contribuir para a área da biblioteconomia com reflexões sobre discurso e ideologia na leitura, seleção e construção de linguagens documentárias.


PDF

Fechar Mais informações

Artigo

Análise do discurso da ‘segurança’ na área da saúde: uma crítica ao trabalhador como vigilante de si

La Rotta, E I G;
Pfeiffer, C R C;
Corrêa-Filho, H R;
Corrêa, C R S;
et al.

10.1590/1981-7746-sol00138

Análise do discurso da ‘segurança’ na área da saúde: uma crítica ao trabalhador como vigilante de si

A Norma Regulamentadora NR 32 objetiva reduzir acidentes e doenças entre os trabalhadores da saúde. Filiando-nos à perspectiva da análise do discurso proposta por Michel Pêcheux, nesta pesquisa tivemos como objetivo compreender o processo de significação em torno de segurança e saúde no trabalho na NR 32 e apreender como este processo significa nas políticas públicas no Brasil. Mostramos que, embora a norma seja um meio de assegurar a segurança e a saúde ao trabalhador, sua discursividade formula a segurança como um mito fundamentado em alegações externas ao processo de regulação das condições de trabalho e alheio às exigências coletivas e culturais de produção. Nesse processo, produz-se a responsabilização do trabalhador convertido em vigilante de si próprio e responsabilizado por isso de maneira individualizada. Pudemos, finalmente, observar um efeito de sentido que indica uma conexão que, na prática, resulta em apoio econômico às empresas que produzem e/ou comercializam os dispositivos de segurança para os materiais perfurocortantes.


PDF

Fechar Mais informações

Artigo

Participantes de ensaios clínicos em oncologia: perfil e aspectos envolvidos nas suas decisões

Amorim, K P C;
Garrafa, V;
Melo, A D d;
Costa, A V B;
et al.

10.1590/1981-7746-sol00139

Participantes de ensaios clínicos em oncologia: perfil e aspectos envolvidos nas suas decisões

Estudo sobre os participantes de ensaios clínicos na área de oncologia, discutindo o paradoxo entre progresso científico e iniquidade social. Buscou-se conhecer quem são essas pessoas e analisar aspectos envolvidos nas suas decisões, com base em entrevistas e documentos. Houve maior participação feminina. Os participantes tendem a ter poucos anos de estudo formal e baixa renda. A maioria é aposentada e do lar e não tem assistência à saúde privada. Suas decisões giraram em torno da busca pela cura ou melhora, e pela garantia de acesso regular a cuidados integrais de saúde e medicamentos. A assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido não garantiu a expressão da autonomia, pois informações essenciais como os objetivos, riscos e cuidados pós-estudo são praticamente desconhecidas. Os participantes da pesquisa tendem a não compreender os objetivos da investigação, ou superestimam os benefícios médicos diretos de sua participação, sem consciência dos riscos envolvidos e do que significa uma pesquisa. Os resultados deveriam incitar ao exercício e ao diálogo mais críticos entre os diferentes atores e instituições envolvidos na área da pesquisa com seres humanos, objetivando promover uma ciência consciente e responsável, que impeça que pessoas sejam colocadas em situação de desigualdade, vulnerabilidade e sofrimento moral.


PDF

Fechar Mais informações

Artigo

A atenção primária à saúde nos cursos de graduação em fisioterapia no município do Rio de Janeiro

Rangel Neto, N C;
Aguiar, A. C. d.

10.1590/1981-7746-sol00165

A atenção primária à saúde nos cursos de graduação em fisioterapia no município do Rio de Janeiro

O estudo investigou como os cursos de graduação em Fisioterapia contemplam o ensino da Atenção Primária à Saúde no contexto da expansão da Estratégia Saúde da Família, tomando como referência as Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Fisioterapia. Foram analisados dez dos 14 cursos de Fisioterapia reconhecidos pelo Ministério da Educação e em funcionamento na cidade do Rio de Janeiro por ocasião da pesquisa. Entrevistamos os dez coordenadores e analisamos documentos relativos ao currículo e ensino. Os dados indicam que dois cursos estavam alinhados com as Diretrizes Curriculares por oferecerem atividades e/ou disciplinas e estágio supervisionado em Atenção Primária, com redistribuiçãoda carga horária do curso, atividades de práticas assistidas e de extensão. Sete cursos haviam implementado modificações curriculares parciais, sem no entanto incorporarem outras recomendações das Diretrizes Curriculares, especialmente a inclusão de disciplinas ou módulos de Atenção Primária à Saúde, não oferecendo oportunidades de formação em unidades de Saúde da Família. Um curso não havia implementado as Diretrizes. Os coordenadores mencionaram dificuldades para desenvolvimento curricular participativo. Concluímos que se verificam avanços significativos na incorporação da Atenção Primária à Saúde nos currículos estudados e discutimos alguns obstáculos na implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais.


PDF

Fechar Mais informações

Artigo

O método fenomenológico nas pesquisas em saúde no Brasil: uma análise de produção científica

Silva, R V;
Oliveira, W. F. d.

10.1590/1981-7746-sol00162

O método fenomenológico nas pesquisas em saúde no Brasil: uma análise de produção científica

A fenomenologia como modelo investigativo mostra-se como possibilidade de aproximação entre os profissionais de saúde e usuários do sistema de cuidado à saúde. Este estudo visa contribuir no processo de apropriação filosófica desse enfoque nas investigações nessa área. A pesquisa foi realizada com o objetivo de analisar a produção periódica científica relacionada à temática, identificando os fenômenos avaliados nesses estudos, as perspectivas teóricas fenomenológicas abordadas, bem como os campos de procedência dos artigos encontrados no período de 2010 a 2014. Os dados foram coletados entre dezembro de 2014 e fevereiro de 2015 nas bases da Scientific Electronic Library Online, Biblioteca Virtual de Saúde e Portal de Periódicos Capes. Nos 17 textos selecionados, destaca-se a área da Enfermagem, que adota essa metodologia; Alfred Schutz predomina como orientação filosófica, seguido por Heidegger. Foram estudados temas relacionados com a mulher em 12 dos trabalhos. A maioria dos estudos não teceu reflexões sobre a pesquisa fenomenológica, atendo-se à escuta das narrativas e descrição fenomênica desvelada com uso de tematizações. As publicações nacionais são escassas e ainda não orientam suficientemente para a produção da investigação das essências.


PDF

Fechar Mais informações

Ensaio

Avaliação da aprendizagem no estágio supervisionado de enfermagem em saúde coletiva

Belém, J M;
Alves, M J H;
Quirino, G d S;
Maia, E R;
et al.

10.1590/1981-7746-sol00161

Avaliação da aprendizagem no estágio supervisionado de enfermagem em saúde coletiva

Neste ensaio teórico-reflexivo, desenvolvemos uma discussão a respeito da avaliação da aprendizagem no processo de formação da assistência de Enfermagem em Saúde Coletiva no decorrer do estágio supervisionado. Dialogamos com autores da Saúde Coletiva e da avaliação da aprendizagem por competências, principalmente da medicina, que foram pioneiros nesse debate, empregando o modelo hierárquico-conceitual de avaliação de competências proposto por George Miller. Procuramos contribuir ao apresentar possibilidades de métodos, instrumentos e procedimentos de avaliação da aprendizagem em contextos somativos ou formativos, perspectivas e tendências da avaliação do processo de ensino-aprendizagem na área da Enfermagem. Constatamos que a avaliação por competências necessita ser mais discutida para estar alinhada às mudanças curriculares em curso e às demandas de formação de perfis profissionais em consonância com as necessidades e princípios do Sistema Único de Saúde.


PDF

Fechar Mais informações

Resenha

Decifra-me ou te devoro! Estado, capital e a urgência do debate crítico na Saúde Coletiva

Mendes, Á;
Carnut, L.

10.1590/1981-7746-sol00168

Decifra-me ou te devoro! Estado, capital e a urgência do debate crítico na Saúde Coletiva

*


PDF

Fechar Mais informações

Resenha