A Trabalho, Educação e Saúde (TES) é uma revista científica em acesso aberto, editada pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fundação Oswaldo Cruz.

Edição Atual | v. 18 n. 3 (2020)

Publicação contínua
Nota de conjuntura

Iniciativas de organização comunitária e Covid-19: esboços para uma vigilância popular da saúde e do ambiente

Carneiro, F F;
Pessoa, V. M.

10.1590/1981-7746-sol00298

Iniciativas de organização comunitária e Covid-19: esboços para uma vigilância popular da saúde e do ambiente

O contexto da pandemia da Covid-19 está relacionado à interação dos seres humanos com a natureza, na medida em que invadimos e destruímos nichos ecológicos importantes, criando modelos de produção animal e de trocas comerciais não sustentáveis. Lavar as mãos é uma das ações mais eficazes de prevenção à Covid-19. Mas como seguir este procedimento onde a água não é garantida com a frequência necessária? Outro aspecto importante da vigilância é a exposição crônica à contaminação do ar, favorecendo as altas taxas de mortalidade pela Covid-19. As populações do campo, da floresta e das águas são também um dos grupos mais vulneráveis e, ao mesmo tempo, possuem modos de vida determinantes para a sustentabilidade socioambiental do planeta. Gabinetes de crise, comitês populares, articulações solidárias, plataformas, observatórios acadêmicopopulares, barreiras sanitárias populares, portais na internet de monitoramento participativo são algumas das formas que, espontaneamente, têm surgido nas favelas e nos territórios de povos tradicionais para dar conta de enfrentar a Covid-19, dada a ausência de políticas efetivas, principalmente no âmbito federal. Temos que criar métodos, estratégias e iniciativas que possibilitem que a vigilância sobre a saúde e o ambiente possa contribuir para resolver problemas e necessidades de forma horizontal, participativa, democrática e cientificamente qualificada.


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Nota de conjuntura

Desigualdades raciais em saúde e a pandemia da Covid-19

Góes, E F;
Ramos, D d O;
Ferreira, A. J. F.

10.1590/1981-7746-sol00278

Desigualdades raciais em saúde e a pandemia da Covid-19

O racismo é um sistema estruturante, gerador de comportamentos, práticas, crenças e preconceitos que fundamentam desigualdades evitáveis e injustas, baseadas na raça ou etnia. Na saúde o racismo pode se manifestar de diversas formas, como o institucional, que frequentemente ocorre de forma implícita. A pandemia do coronavírus tem sido um desafio para países que apresentam profundas desigualdades. No Brasil, em que pese a ausência das informações desagregadas por raça ou etnia ou que quando coletadas apresentam um preenchimento precário, sabe-se que negras e negros irão sofrer mais severamente os impactos da pandemia e seus vários desfechos negativos. No texto recuperamos aspectos históricos e sua relação com as condições de vulnerabilidade da população negra e apresentamos uma agenda de ações específicas para o combate ao racismo e suas devastadoras consequências no contexto da Covid-19.


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Nota de conjuntura

O pesadelo macabro da Covid-19 no Brasil: entre negacionismos e desvarios

Campos, G. W. d. S.

10.1590/1981-7746-sol00279

O pesadelo macabro da Covid-19 no Brasil: entre negacionismos e desvarios

O texto discute as dificuldades para o enfrentamento do Covid-19 suscitadas pelo discurso e pelas ações defendidas por parte do governo federal. Em contraste com os governantes de países que obtiveram e00279111resultados eficazes no controle da pandemia, representantes do governo brasileiro, entre os quais se destaca o Presidente da República, vêm continuamente a público desqualificar tanto os riscos, quanto a adoção das medidas de prevenção fundamentadas cientificamente, em especial o isolamento social, defendendo, em seu lugar, a denominada ‘imunidade de rebanho’. O argumento reiterado é que existe uma oposição entre a preservação da economia e da vida, sendo prioritária a primeira. Tais manifestações vêm acompanhadas de constrangimentos para que governos estaduais e municipais possam efetivar ações de prevenção localmente definidas. Essa postura expressa o desprezo pela vida humana e uma aguda desconsideração com a população socialmente mais vulnerável, que, em países com desigualdades crônicas, como Brasil, sofrem os efeitos mais graves de uma epidemia.


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Nota de conjuntura

Covid-19, causas fundamentais,classe social e território

Santos, J. A. F.

10.1590/1981-7746-sol00280

Covid-19, causas fundamentais,classe social e território

A teoria que considera as condições sociais como causas fundamentais da saúde, em articulação com as noções de classe social e território, é usada em reflexões acerca da trajetória e da distribuição dos efeitos da pandemia da Covid-19 no país. Parte-se de sínteses teóricas, abordagens e evidências de trabalhos do autor sobre desigualdade de saúde no Brasil. Entende-se que o ‘meio social’, de natureza relacional e estruturada, afeta a propagação e a distribuição da doença entre os grupos. As diferenças de classe em circunstâncias de trabalho, localização e moradia são referidas. No tocante às diferenças sociais no risco de desenlace fatal da doença, são consideradas a distribuição prévia de condições adversas e as diferenças no modo como as instituições de saúde processam as pessoas. Como proposto pela teoria, as desigualdades de recursos, informações, disposições e capacidade estariam afetando a distribuição social dos efeitos da pandemia no Brasil.


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Nota de conjuntura

Coronavírus, o pedagogo da catástrofe: lições sobre o SUS e a relação entre público e privado

Coronavírus, o pedagogo da catástrofe: lições sobre o SUS e a relação entre público e privado

Fundamentado em condicionantes políticos, econômicos e sociais anteriores à emergência da pandemia, o texto discute as consequências dramáticas dos processos de privatização do Sistema Único de Saúde para a implementação de ações efetivas contra o Covid-19. Correlacionam-se, como condicionantes prévios ao cenário atual e relacionados à privatização do Sistema Único de Saúde, as reformas promovidas pelo Estado brasileiro nos últimos anos, a saber, os ajustes fiscais, as reformas trabalhista e previdenciária e a Emenda Constitucional 95, cujos efeitos têm se mostrado nefastos sobre a classe trabalhadora, assim como para a saúde coletiva. Neste contexto, determinado pela forma societária devastadora do capital, localiza-se a transferência brutal dos recursos públicos para a saúde privada. Deduz-se, portanto, que a pandemia aprofunda os impactos da vulnerabilização do trabalho e do desfinanciamento do Sistema Único de Saúde em suas múltiplas dimensões. O texto conclui enfatizando que a pedagogia da catástrofe imposta pela pandemia não é garantia de aperfeiçoamento ou superação da atual sociabilidade, podendo inclusive redundar em mais barbárie, que, em última instância, só pode ser impedida se uma nova forma social for gestada em benefício da totalidade da humanidade.


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Nota de conjuntura

Decifra-me ou te devoro: enigmas da Vigilância em Saúde na pandemia Covid-19

Gondim, G. M. d. M.

10.1590/1981-7746-sol00296

Decifra-me ou te devoro: enigmas da Vigilância em Saúde na pandemia Covid-19

Desde janeiro de 2020, o mundo vive uma crise sanitária sem precedentes, após declarada, pela Organização Mundial da Saúde, a Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional, como estratégia de vigilância e resposta imediata à pandemia da Covid-19. No Brasil, o caos econômico e político resultante do golpe de Estado de 2016 aprofundou a crise pandêmica, expondo o fosso das desigualdades sociais e, em particular, das desigualdades em saúde, e o descaso pela vida em todas suas dimensões. Essa reflexão traz à cena elementos conjunturais (econômico-políticos e socioambientais) necessários à compreensão das intervenções técnicas de vigilância, com destaque à quarentena e ao isolamento social, como estratégias emergenciais normatizadoras da vida individual e coletiva, usadas para o controle de corpos e lugares. Nesse cenário catastrófico, territórios vulneráveis são penalizados duplamente, por sua condição periférica no espaço das cidades e por sua exclusão sistemática aos direitos de cidadania, exigindo, dos governos, intervenções que considerem a dimensão continental e a heterogeneidade econômica-cultural do país; as desigualdades sociais e em saúde; e a capacidade de resposta oportuna de cada esfera de gestão de responsabilidade exclusiva do Estado, nos âmbitos das ações de Vigilância em Saúde, Assistência Especializada e Atenção Primária à Saúde no Sistema Único de Saúde.


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Nota de conjuntura

A Espiral da Destruição: legado neoliberal, pandemia e precarização do trabalho

A Espiral da Destruição: legado neoliberal, pandemia e precarização do trabalho

No início de fevereiro de 2020, o governo brasileiro declarou emergência de saúde pública. Na segunda quinzena de março, com o avanço dos casos de Covid-19 e a ocorrência do primeiro óbito, outras providências, consideradas emergenciais, passaram a ser adotadas. Este texto trata especificamente sobre um conjunto de medidas com impacto direto nas relações de trabalho. Ao fazê-lo, busca refletir sobre como o contexto da pandemia tem sido convertido para governo e setores empresariais em pretexto para o avanço da precarização do trabalho, desenhando um cenário certamente mais duro e nocivo à saúde e vida daqueles e daquelas que vivem de seu trabalho.


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Artigo

Caminhos e impasses da desinstitucionalização na perspectiva dos trabalhadores em saúde mental da grande Vitória

Leão, A;
Batista, A. M.

10.1590/1981-7746-sol00271

Caminhos e impasses da desinstitucionalização na perspectiva dos trabalhadores em saúde mental da grande Vitória

Este artigo teve como objetivo apresentar os principais caminhos e impasses acerca do processo de desinstitucionalização em quatro cidades da Grande Vitória, no estado do Espírito Santo. O panorama descrito ocorreu por meio de pesquisa operacionalizada com o uso de grupos focais formados por trabalhadores da Rede de Atenção Psicossocial. Após a análise de conteúdo, resultaram como temáticas a desinstitucionalização na perspectiva dos Centros de Atenção Psicossociais e na dos Serviços Residenciais Terapêuticos além de outros importantes subtemas como a rede de atenção e a centralidade da internação psiquiátrica no processo de cuidado. Consideramos que, apesar das dificuldades estruturais da rede, há o engajamento de muitos desses profissionais nos processos de trabalho e ressaltamos a importância de resistências na luta pela garantia da Reforma Psiquiátrica para assegurar, de fato, o processo de desinstitucionalização.


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Artigo

A dimensão social na formação médica: o contexto de vida na aprendizagem baseada em problemas

Custódio, L A F;
Vieira, C M;
Francischetti, I.

10.1590/1981-7746-sol00272

A dimensão social na formação médica: o contexto de vida na aprendizagem baseada em problemas

Este estudo caracteriza a dimensão social nos contextos representados nas situações-problema em um curso médico estadual paulista que utiliza a Aprendizagem Baseada em Problema. Foram analisadas 69 situações-problema, disparadoras do processo de aprendizagem da primeira à quarta série e seus respectivos guias de tutor. Para a leitura do material, utilizou-se o Roteiro de Análise de Dimensão Social, elaborado pelas pesquisadoras com base em documentos e literatura relacionados. Para análise, adotou-se o método de análise textual discursiva. A comparação entre os objetivos de aprendizagem apresentados nas situações-problema e nos guias evidenciou discordâncias e dicotomias. A caracterização dos contextos explorados não retratou o território real: equipamentos sociais foram pouco abordados, já as áreas de competência do cuidado individual, coletivo e gestão deram ênfase satisfatória às políticas públicas. As análises de áreas de riscos, diversidades e grupos vulneráveis foram superficiais e a intersetorialidade foi pouco acionada. Espera-se, com estes resultados, suscitar reflexões acerca da construção de situações-problema na aprendizagem baseada em problemas, pois o aprofundamento na descrição, como a ampliação de sua abordagem, poderá favorecer a articulação teórico-prática, o aprendizado ampliado e a formação médica voltada ao cuidado integral.


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Artigo

Tipologias da precarização do trabalho na atenção básica: um estudo netnográfico

Damascena, D M;
Vale, P. R. L. F. d.

10.1590/1981-7746-sol00273

Tipologias da precarização do trabalho na atenção básica: um estudo netnográfico

O objetivo desse estudo foi identificar tipologias da precarização do trabalho na Atenção Básica pela ótica de Druck e Franco. Estudo qualitativo, do tipo netnográfico, realizado na plataforma virtual Youtube, com vídeos brasileiros. Foram selecionados nove vídeos para análise. Foram empregadas a análise iconográfica e a análise de conteúdo temática. A pesquisa foi realizada de julho de 2018 a janeiro de 2019. Com base nos resultados, quatro categorias de análise foram identificadas: vulnerabilidade das formas de inserção, intensificação do trabalho e terceirização, perda da identidade individual e coletiva, condenação e descarte do direito dos trabalhadores. As tipologias da precarização do trabalho encontradas foram expressas por contratações inseguras e temporárias, sobrecarga de trabalho das enfermeiras, condições de trabalho precárias, gestão de contratos via organizações sociais, convívio com o medo do desemprego, perda de direitos trabalhistas e atrasos salariais, que repercutem no trabalho, na vida do trabalhador e na assistência aos usuários. Conjectura-se que as tipologias da precarização do trabalho identificadas tendem a contribuir para descaracterização dos serviços de Atenção Básica, dado que não apresentam consonância com seus princípios e diretrizes, dificulta a compreensão dos determinantes e condicionantes de saúde pelos profissionais, necessária para garantir o cuidado integral.


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Artigo

Percepção de gestores, prestadores e auditores sobre a contratualização no Sistema Único de Saúde

Liberatti, V M;
Pedro, D R C;
Costa, R G;
Pissinati, P d S C;
et al.

10.1590/1981-7746-sol00274

Percepção de gestores, prestadores e auditores sobre a contratualização no Sistema Único de Saúde

O objetivo do estudo foi compreender a percepção de gestores, prestadores e auditores sobre o processo de contratualização do Sistema Único de Saúde. Tratou-se de um estudo descritivo, com abordagem qualitativa, realizado em Maringá, Paraná, em setembro e outubro de 2017, com gestores, prestadores de serviços e auditores que atuam no Sistema. Os dados foram coletados por meio de questões norteadoras. A análise levou à construção de duas categorias: potencialidades e barreiras no processo de contratualização com o Sistema Único de Saúde; avaliação e uso de instrumentos na auditoria do Sistema. Em relação às potencialidades, evidenciou-se que o processo de contratualização qualifica a gestão da saúde baseada nas legislações específicas e que a principal barreira se refere à tabela de valores praticada pelo Sistema Único de Saúde. Em relação à segunda categoria, analisou-se que o uso de instrumentos permite a padronização de parâmetros, o que confere à contratualização maior assertividade. Concluímos que é necessário o uso de instrumento de auditoria validado e acordado com prestadores, para se ter transparência e melhores resultados nas metas pactuadas.


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Artigo

Superexploração e desgaste precoce da força de trabalho: a saúde dos trabalhadores de confecção

Lira, P V R d A;
Gurgel, I G D;
Albuquerque, P C C d;
Amaral, A. S. d.

10.1590/1981-7746-sol00275

Superexploração e desgaste precoce da força de trabalho: a saúde dos trabalhadores de confecção

Objetivou-se analisar a relação entre a superexploração da força de trabalho com o conceito de desgaste em trabalhadores de facções instaladas em dois municípios do Polo de Confecções do Agreste Pernambucano. O estudo, baseado em abordagem qualitativa, desenvolveu-se nos anos de 2017 e 2018 nos municípios de Toritama e Santa Cruz do Capibaribe. Foram realizadas 14 entrevistas semiestruturadas que seguiram roteiro pré-estabelecido organizado em três eixos prioritários: perfil do trabalhador; aspectos sociais e de trabalho; e aspectos relacionados à saúde. Na análise dos dados, considerou-se a totalidade e historicidade das relações sociais e sua articulação com os processos sociais particulares (método dialético). As categorias orientadoras essenciais para compreender a estrutura e a dinâmica do processo saúde-doença dos trabalhadores das facções foram: superexploração da força de trabalho, jornada de trabalho, processo de trabalho e de produção. Os conceitos de: precarização, intensificação, cargas de trabalho, desgaste da força de trabalho também foram importantes mediadores teóricos da análise. A superexploração da força de trabalho foi elemento essencial para compreensão do processo de desgaste precoce da força de trabalho, revelando tendência a um esgotamento prematuro destes trabalhadores ao longo dos anos.


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Artigo

Representações sociais de profissionais de emergência sobre prevenção de readmissões hospitalares por tentativa de suicídio

Meira, S S;
Vilela, A B A;
Lopes, C R S;
Pereira, H B d B;
et al.

10.1590/1981-7746-sol00276

Representações sociais de profissionais de emergência sobre prevenção de readmissões hospitalares por tentativa de suicídio

A pesquisa que originou este artigo teve por objetivo analisar representações sociais de profissionais emergencistas sobre a prevenção das reincidências por tentativa de suicídio. Tratou-se de uma pesquisa com base na teoria das representações sociais na abordagem processual, com trinta emergencistas de um hospital público na Bahia, realizada em 2017. O questionamento fundamentou-se sobre o entendimento desses profissionais acerca da prevenção das reincidências de tentativa de suicídio, sendo a análise realizada pelo modelo de análise cognitiva de redes. A rede semântica compôs-se de 260 vértices e 431 arestas com grau médio igual a 2.61. Os principais termos que irradiaram sentido para o discurso do grupo social foram ‘acompanhamento’, ‘psicólogo’ e ‘paciente’, demonstrando uma percepção da prevenção para reincidências por tentativas de suicídio de modo positivamente complexo e pluridiscipinar. Os participantes compreendem que o fenômeno possui particularidades que exigem tanto transformações intra-hospitalares – pelo estímulo à desmistificação e combate ao preconceito do paciente com risco de morrer por suicídio, reestruturação do manejo, triagem e monitoramento durante a permanência da internação – quanto extra-hospitalares, evocando o trabalho entre os diferentes níveis de atenção e redes de apoio, além de dinamismo e integralidade da assistência como recurso para prevenir reincidências desses pacientes.


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Artigo

A saúde nos currículos de educação física em uma universidade pública

Oliveira, V J M d;
Gomes, I. M.

10.1590/1981-7746-sol00294

A saúde nos currículos de educação física em uma universidade pública

Este artigo apresenta o recorte de uma pesquisa realizada de 2016 a 2018 que procurou investigar as configurações atuais do tema da saúde nos currículos de formação em educação física de uma universidade pública no Espírito Santo. A pesquisa contou com análise documental dos projetos pedagógicos de curso (licenciatura e bacharelado) e entrevistas semiestruturadas com sete professores que participaram das reformulações curriculares desses cursos. As análises tiveram base na teoria da estruturação de Anthony Giddens, com a qual se ressaltaram a relação agente-estrutura e a reprodução/mudanças institucionais. Observou-se que as configurações atuais do tema da saúde se vinculam, majoritariamente, às ciências naturais e biológicas (com maior evidência no curso de bacharelado) e, em menor grau, às ciências sociais e humanas/saúde coletiva (com incidência em ambos os cursos). Destaca-se o desafio de conferir maior presença das ciências sociais e humanas/saúde coletiva nos currículos de formação, uma vez que a educação física tem sido requisitada, cada vez mais, a atuar em equipes multidisciplinares e em projetos ancorados em políticas de saúde ampliadas.


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Artigo

Processo educativo do núcleo ampliado de saúde da família na atenção à hipertensão e diabetes

Bezerra, H M d C;
Gomes, M F;
Oliveira, S R d A;
Cesse, E. Â. P.

10.1590/1981-7746-sol00277

Processo educativo do núcleo ampliado de saúde da família na atenção à hipertensão e diabetes

Objetivou-se avaliar o processo educativo realizado pelo Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica na atenção à hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus em Recife, Pernambuco. Foi realizada uma pesquisa avaliativa orientada pela teoria educacional de Paulo Freire, com elaboração de um modelo teórico. Participaram do estudo quatro profissionais do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica, onze profissionais da Estratégia Saúde da Família e dez usuários com hipertensão e/ou diabetes. Foram realizados grupos focais e os dados coletados, entre novembro de 2018 e fevereiro de 2019, foram submetidos à análise de conteúdo. Evidenciou-se a coexistência do uso pelos profissionais das concepções bancária e problematizadora. Foram identificadas práticas verticalizadas e pouco dialogadas pelos profissionais, bem como uma visão curativista e medicalocêntrica nos discursos dos usuários. Observou-se também ações transformadoras no processo de trabalho dos profissionais e relatos de melhorias das condições de saúde dos usuários participantes dos grupos educativos. Além disso, o incentivo pela busca de direitos durante as ações educativas levou à conquista da implantação do Programa Academia da Cidade no território. Esses achados revelam o poder de transformação das ações educativas quando se tornam participativas e construídas com base nas experiências e necessidades da população.


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Artigo

Retrocesso da reforma psiquiátrica: o desmonte da política nacional de saúde mental brasileira de 2016 a 2019

Cruz, N F d O;
Gonçalves, R W;
Delgado, P. G. G.

10.1590/1981-7746-sol00285

Retrocesso da reforma psiquiátrica: o desmonte da política nacional de saúde mental brasileira de 2016 a 2019

O artigo analisa os retrocessos na Política Nacional de Saúde Mental no período de 2016-2019, com base em estudo das normativas emanadas pelo governo federal e documentos de caráter público, e no estudo dos dados do Ministério da Saúde relativos à rede de saúde mental do Sistema Único de Saúde. Foram avaliados todos os documentos normativos que compõem um conjunto de ‘reorientações’ da Política, além daqueles que a afetam diretamente, incluindo posicionamentos contrários emitidos por instâncias dos poderes executivo, legislativo e judiciário. A análise indica os primeiros efeitos destas mudanças na Rede de Atenção Psicossocial, como o incentivo à internação psiquiátrica e ao financiamento de comunidades terapêuticas, ações fundamentadas em uma abordagem proibicionista das questões relacionadas ao uso de álcool e outras drogas. A análise dos dados de gestão permite afirmar que há tendência de estagnação do ritmo de implantação de serviços de base comunitária. Este estudo pretende contribuir para uma melhor compreensão sobre os fundamentos e a direção estratégica das mudanças, que implicam retrocesso nas diretrizes da Reforma Psiquiátrica, pretendendo ampliar o debate sobre as formas de resistência ao desmonte da Política Nacional de Saúde Mental.


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Artigo

Apoio institucional a famílias de vítimas de homicídio: análise das concepções de profissionais da saúde e assistência social

Costa, D H d;
Njaine, K;
Souza, E. R. d.

10.1590/1981-7746-sol00282

Apoio institucional a famílias de vítimas de homicídio: análise das concepções de profissionais da saúde e assistência social

Discute-se o apoio social das instituições aos familiares de vítimas de homicídio com base na análise das concepções de profissionais da atenção básica à saúde e da assistência social que atuam no município de São Gonçalo, Rio de Janeiro. Foram realizadas entrevistas com 21 profissionais de Unidades de Saúde da Família, Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Centro de Referência Especializado de Assistência Social, em 2018. Alguns profissionais reconhecem o sofrimento desencadeado pela perda de familiares por homicídio e os impactos desse evento na saúde física e mental da população. Entretanto, evidenciam as dificuldades em abordar essa temática e pouco reconhecem as possibilidades desses serviços no suporte a essas famílias. Conclui-se que os serviços de saúde e assistência social não estão preparados para atender às necessidades dos familiares de vítimas de homicídio, em parte pela cronicidade da violência nesses territórios onde trabalham e, às vezes, vivem. A problemática demanda a formulação de políticas públicas de apoio a essas famílias e de sensibilização e capacitação dos profissionais que lidam com essa população. A ausência de apoio social reforça o isolamento dos familiares de vítimas e intensifica os impactos na saúde, podendo, inclusive, levar a uma morte prematura.


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Artigo

‘Já me acostumei’: interfaces entre trabalho, corpo e saúde de catadores de materiais recicláveis

Basso, C;
Silva, I. M. M.

10.1590/1981-7746-sol00283

‘Já me acostumei’: interfaces entre trabalho, corpo e saúde de catadores de materiais recicláveis

O contexto social do sistema capitalista de produção impõe efeitos às relações de trabalho, tais como os cenários de precarização marcados pela instabilidade e insegurança para os trabalhadores. Propõe-se aqui a discussão de dados derivados de um estudo qualitativo realizado no município de Erechim, Rio Grande do Sul, de fevereiro a abril de 2018, o qual investigou a relação entre trabalho, corporeidade e saúde com base na análise de narrativas produzidas por catadores de materiais recicláveis e incursões etnográficas em seu contexto laboral. Buscou-se problematizar a incidência de entrega do corpo ao trabalho e suas repercussões no caso dos catadores participantes da pesquisa, considerando a dinâmica da saúde que integra as dimensões física, psicológica e social desses sujeitos. Os resultados indicam as circunstâncias de vulnerabilidade a que são expostos. Como se depreende de suas narrativas, o trabalho se vincula à necessidade, levando-os a desconsiderar as condições adversas implicadas em sua realização ou se adaptar a elas, ainda que os custos desse processo sejam altos. Tal realidade indica a premência de análises sobre as relações entre trabalho, saúde e desigualdade social no contexto brasileiro, considerando-se que saúde é um direito humano fundamental e seu usufruto deve estar ao alcance de todos.


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Artigo

Covid-19: por que a proteção de trabalhadores e trabalhadoras da saúde é prioritária no combate à pandemia?

Helioterio, M C;
Lopes, F Q R d S;
Sousa, C C d;
Souza, F d O;
et al.

10.1590/1981-7746-sol00289

Covid-19: por que a proteção de trabalhadores e trabalhadoras da saúde é prioritária no combate à pandemia?

A pandemia causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) configura quadro de emergência de saúde pública mundial. Algumas categorias ocupacionais têm risco elevado de exposição à infecção, como os(as) trabalhadores(as) da saúde. Neste artigo, objetiva-se sumarizar e sistematizar aspectos relativos às condições de trabalho e de saúde dos(as) trabalhadores(as) da saúde nessa pandemia, enfatizando a situação no Brasil, experiências exitosas na proteção do trabalho em saúde em outros países e recomendações para o contexto brasileiro. Iniciativas imediatas de proteção e combate à pandemia em outros países incluíram como pontos estratégicos: adequação das condições de trabalho; testagem sistemática e ações específicas de assistência aos(às) trabalhadores(as). Para o enfrentamento da Covid-19 no Brasil, destacam-se como recomendações: revisão de fluxos de atendimento e definição de características e condições para cada etapa de atendimento; estabelecimento da Covid-19 como doença relacionada ao trabalho para os grupos expostos; registro efetivo da ‘ocupação’ nos sistemas de informação; estabelecimento de condições especiais para execução do trabalho na situação de epidemia; atenção às jornadas laborais e ações para redução de estressores ocupacionais. A atuação desses(as) trabalhadores(as) é elemento central no enfrentamento da pandemia, portanto, o plano de combate ao Covid-19 deve incluir proteção e preservação de sua saúde física e mental.


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Artigo

O mal-estar docente nas discussões sobre ensino nutrição: falas de professoras da educação básica em fóruns virtuais

Martins, N H d S P;
Salvador, D F;
Luz, M. R. M. P. d.

10.1590/1981-7746-sol00286

O mal-estar docente nas discussões sobre ensino nutrição: falas de professoras da educação básica em fóruns virtuais

As expectativas institucionais e sociais relacionadas ao trabalho docente intensificaram-se. A atividade docente é hoje caracterizada pela precarização do trabalho, associada a uma concepção da escola como empresa, na qual são frequentes os múltiplos vínculos de trabalho com elevada carga horária, com consequências negativas sobre a saúde docente. No presente estudo, relatamos achados qualitativos obtidos da análise de postagens de professoras da educação básica em um fórum virtual sobre educação nutricional. Tais discussões espontâneas das professoras revelaram um contraste entre a intensa preocupação com a saúde nutricional de seus alunos que mascara a atenção a essas questões em relação a si mesmas. A incorporação pelas professoras de expectativas socialmente impostas no sentido de solucionarem questões complexas como a obesidade entre estudantes parece adquirir tais dimensões que obliteram a discussão à própria saúde nutricional. Essas expectativas, quando impostas sem os meios para seu atendimento podem contribuir para o sofrimento docente. Destacamos, ainda, a importância da existência de espaços e condições de escuta de professores envolvidos com a educação sobre temas de saúde nas escolas.


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Artigo

Atenção básica no Amazonas: provimento, fixação e perfil profissional em contextos de difícil acesso

Dolzane, R d S;
Schweickardt, J. C.

10.1590/1981-7746-sol00288

Atenção básica no Amazonas: provimento, fixação e perfil profissional em contextos de difícil acesso

A pesquisa teve como objetivo analisar o perfil de profissionais atuantes na atenção básica em municípios amazonenses e a relação com provimento e fixação nesses locais. Tratou-se de estudo analítico, descritivo, de natureza quantitativa, realizado de 2014 a 2016. Foram analisados dados de médicos, enfermeiros e odontólogos atuantes na atenção básica em vinte municípios do Amazonas, totalizando 397 profissionais. Profissionais de medicina menos se fixam, têm menos parentes, residência local e pertencem a outras localidades. Profissionais de enfermagem detêm mais especializações e funções gestoras. As regiões de saúde Juruá, Triângulo, Madeira e entorno de Manaus possuem menor quantidade de profissionais na atenção básica. Os municípios de Parintins, Itacoatiara e Tabatinga apresentam maior número populacional fora da capital e têm maior número de profissionais. Há tendência de os profissionais buscarem trabalho em capitais e cidades com maior oferta de serviços para desempenhar suas atividades em saúde. Por sua vez, municípios de difícil acesso enfrentam desafio maior para promover a fixação e o provimento de profissionais de saúde.


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Artigo

Cuidado na atenção domiciliar: efeitos de uma intervenção educacional em saúde

Guerra, S;
Albuquerque, A C d;
Felisberto, E;
Marques, P.

10.1590/1981-7746-sol00292

Cuidado na atenção domiciliar: efeitos de uma intervenção educacional em saúde

Os serviços de atenção domiciliar contribuem para a redução da sobrecarga hospitalar, desinstitucionalização, humanização e integralidade do cuidado. Portanto, o aperfeiçoamento profissional das equipes dos serviços de atenção domiciliar é extremamente relevante, uma vez que o trabalho desloca-se das instituições de saúde para a vida privada do usuário, necessitando de desprendimento das práticas tradicionais e compreensão das relações intradomiciliares. Nesse sentido, foi conduzida uma pesquisa qualitativa em Recife, Pernambuco, no período de dezembro de 2018 a abril de 2019, que objetivou compreender como diversos sujeitos (n = 14) percebem e interpretam os efeitos de um treinamento ofertado às equipes dos serviços de atenção domiciliar da cidade, utilizando elementos conceituais descritos por Abbad acerca da avaliação de treinamentos. Os achados demonstram que houve uma percepção positiva dos sujeitos sobre os efeitos do treinamento, mas também indicam que houve poucas mudanças nos serviços, principalmente devido à ausência de multiplicação dos conhecimentos adquiridos para os profissionais que não foram capacitados e à insuficiência de suporte psicossocial à aplicação prática dos conteúdos. As questões levantadas neste estudo demonstram a complexidade da atenção domiciliar no Brasil e a necessidade de formulação de estratégias educacionais e organizacionais que potencializem o cuidado dentro do domicílio.


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Artigo

Democracia e saúde: condicionantes da efetividade deliberativa de um conselho municipal de saúde no sul do Brasil

Bortoli, F R;
Kovaleski, D. F.

10.1590/1981-7746-sol00299

Democracia e saúde: condicionantes da efetividade deliberativa de um conselho municipal de saúde no sul do Brasil

Este artigo buscou avaliar a efetividade deliberativa em um conselho municipal de saúde, com o intuito de produzir informações que contribuam para o aprimoramento da democracia deliberativa. Trata-se de estudo de caso, de abordagem qualitativa, sobre o Conselho Municipal de Saúde de Criciúma, Santa Catarina. A coleta de dados foi realizada em 2018 com base nas seguintes estratégias: observação participante, 12 entrevistas semiestruturadas e análise documental. Os dados organizados e sistematizados resultaram em três categorias temáticas, quais sejam: funcionamento; relações de poder entre Estado e Sociedade Civil; e questões conflituosas. Como resultado, constatou-se que os princípios da igualdade de participação, da igualdade deliberativa, da liberdade de pensamento, bem como da pluralidade da composição, os temas discutidos, as normas para a definição da pauta e para a ocupação da presidência tornam este fórum colegiado mais democrático. Todavia o princípio da inclusão deliberativa é prejudicado por questões relativas à divergência de interesses, sobremaneira, os interesses pessoais e políticos em detrimento aos interesses coletivos, sendo esse o maior obstáculo relacionado à efetividade deliberativa. Neste cenário, evidencia-se a importância de informar e conscientizar os conselheiros, a fim de ampliar a capacidade de intervenção no campo ético, político e de conhecimento no campo da democracia e da saúde.


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Artigo

Condições de vida e promoção emancipatória da saúde no acesso à terra no sudeste paraense

Pinto, J N A;
Porto, M. F. S.

10.1590/1981-7746-sol00293

Condições de vida e promoção emancipatória da saúde no acesso à terra no sudeste paraense

O artigo visa discutir as condições de vida e a promoção emancipatória da saúde com base nas evidências descritivas dos relatórios da Comissão Pastoral da Terra, referências sobre a luta pelo acesso à terra no sudeste paraense, protagonizada por migrantes sem terra e articulada com o movimento camponês. Com isso, problematizou-se: em que medida o acesso à terra promoveu melhorias nas condições de vida dos migrantes sem terra no sudeste paraense? Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, com base nos achados expressos em documentos e relatórios da Comissão Pastoral da Terra à luz das teorias pós-coloniais e da saúde coletiva. Apresenta uma discussão crítica sobre o modelo de desenvolvimento capitalista neoextrativista e o moderno sistema-mundo, fabricante de exclusão e subalternização, propondo alternativas epistemológicas e ontológicas, em articulação com as lutas sociais emancipatórias nos campos e nas cidades. Há evidências nos relatórios da Comissão Pastoral da Terra e nos dados oficiais do Instituto de Colonização e Reforma Agrária de que o acesso à terra na região analisada alterou as condições de vida e saúde de milhares de sem terra num contexto de elevados conflitos e violência no campo.


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Artigo

Cuidado de si: trabalhadoras da saúde em tempos de pandemia pela Covid-19

Santos, G d B M;
Lima, R d C D;
Barbosa, J P M;
Silva, M C d;
et al.

10.1590/1981-7746-sol00300

Cuidado de si: trabalhadoras da saúde em tempos de pandemia pela Covid-19

A pandemia pela Covid-19 não é apenas um problema de saúde, ela é considerada um choque profundo para nossas sociedades e economias, colocando em evidência uma crise de prestação de cuidados na qual os profissionais de saúde, em especial as mulheres, estão no centro dos esforços de atendimento e respostas. Assim, este artigo teve como objetivo problematizar as práticas de cuidado durante a pandemia da Covid-19 com foco no direito à proteção das mulheres profissionais da saúde, de acordo com as concepções de Michel Foucault sobre cuidado de si, considerando o eixo poder-saber. O estudo avança na indagação sobre a crise do cuidado e visibiliza o cuidado de si de trabalhadoras da saúde especialmente durante a pandemia da Covid-19 como caminho possível para a reversão de práticas de dominação por meio da criação de práticas de liberdade, afirmando a produção do cuidado como criadora de valor e respeito pela vida de todas e todos.


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Artigo

Análise bibliométrica de teses e dissertações brasileiras sobre travestilidade, transexualidade e saúde

Lima, R R T d;
Flor, T B M;
Araújo, P H d;
Noro, L. R. A.

10.1590/1981-7746-sol00301

Análise bibliométrica de teses e dissertações brasileiras sobre travestilidade, transexualidade e saúde

Objetivou-se analisar o perfil das teses e dissertações sobre travestilidade, transexualidade e saúde nos Programas de Pós-Graduação stricto sensu do Brasil, por meio de um estudo fundamentado no referencial teórico-metodológico da análise bibliométrica. Os 65 trabalhos selecionados foram extraídos do Catálogo de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior e da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações. Constata-se que a maioria das produções são dissertações (82%) advindas dos Programas de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (27%) e de Instituições Federais de Educação Superior (65%), localizadas nas regiões Sul e Sudeste (70%). A abordagem qualitativa foi a mais utilizada (82%) e o processo transexualizador no Sistema Único de Saúde foi o tema predominante (35%). O estudo revelou que as teses e dissertações brasileiras sobre a tríade travestilidade-transexualidade-saúde estão em ascensão nos últimos vinte anos, com diminuição no enfoque no adoecimento das travestis e de transexuais e aumento do foco nos aspectos sociais, organizacionais e políticos que interferem no acesso dessas pessoas aos serviços de saúde. Ainda assim, é preciso expandir as pesquisas sobre a temática para as demais regiões do país, impactando positivamente na produção científica e em um sistema de saúde mais equânime e universal.


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Artigo

Representações de profissionais acerca do bebê em contexto prisional

Pereira, T G;
Reis, A. O. A.

10.1590/1981-7746-sol00306

Representações de profissionais acerca do bebê em contexto prisional

Trata-se de um estudo qualitativo que analisou as percepções dos profissionais do contexto prisional em relação aos bebês de mães presas. Foram entrevistados profissionais de São Paulo das áreas jurídica, políticas públicas, social, saúde, educação, segurança e voluntariado religioso. Os resultados evidenciaram que o olhar romântico da maternidade sobrevive atrás das grades. Assim, o bebê mobiliza sentimentos de amor, compaixão e alegria. No entanto, também emergem sentimentos de raiva, tristeza e dó por se depararem com bebês em local de segregação e punição. O bebê pode ficar preso ao estigma da criminalidade da mãe, representado com desesperança e preconceito por alguns profissionais com a expressão ‘sementinha do mal’. Os profissionais sentem-se sensibilizados com o cenário da maternidade na prisão, expressando sentimentos contraditórios de tristeza e alegria, esperança e desesperança, raiva e compaixão. As implicações subjetivas e representações acerca do bebê em contexto prisional, portanto, sustentam os cuidados oferecidos pelos profissionais, suas atitudes diante das presas, dos atores envolvidos e os futuros atores, os bebês.


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Artigo

A mobilização social na perspectiva da vigilância da tuberculose no Brasil: uma apreciação crítica

Brazão, C F F;
Sevalho, G;
Oliveira, R. M. d.

10.1590/1981-7746-sol00295

A mobilização social na perspectiva da vigilância da tuberculose no Brasil: uma apreciação crítica

Tuberculose, problema global relacionado às condições de vida da população, é um agravo historicamente complexo. Nos últimos anos, a mobilização social tornou-se componente fundamental da vigilância à doença. Neste artigo, analisam-se criticamente as concepções de mobilização social para a vigilância e para o controle da tuberculose, presentes no Programa Nacional de Controle da Tuberculose (2006), no Plano Estratégico para o Controle da Tuberculose (2007-2015), no documento de descrição da implementação do Programa Fundo Global de Luta Contra a Aids, Malária e Tuberculose no Brasil e em seis produções científicas brasileiras que abordam o tema, no período de 2007 a 2016. Especificamente, o estudo objetiva compreender essas concepções, bem como discutir as relações entre elas. Todos foram examinados por meio da análise de conteúdo. Embora favorável à mobilização social, os textos remetem a algumas contradições teóricas e epistemológicas. A mobilização social é apresentada segundo uma concepção funcionalista e utilitarista (paradigma positivista da ciência), com intencionalidade regulatória em vez de emancipatória. Parece se tratar de uma mobilização social a serviço da domesticação da sociedade, que desconsidera as experiências de vida da população e da estrutura complexa de produção e reprodução social da doença.


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Artigo

Promoção da saúde de crianças e adolescentes em uma Organização da Sociedade Civil: refletindo sobre os valores e a formação profissional

Selau, B L;
Kovaleski, D F;
Paim, M. B.

10.1590/1981-7746-sol00303

Promoção da saúde de crianças e adolescentes em uma Organização da Sociedade Civil: refletindo sobre os valores e a formação profissional

A concepção de infância modificou-se de acordo com as estruturas econômicas e de poder da sociedade, assim como os valores que influenciam o cuidado das crianças e dos adolescentes. Com o neoliberalismo, os direitos constitucionais reduziram-se, os valores defendidos na Constituição desvalorizaram-se, e as Organizações da Sociedade Civil tornaram-se as responsáveis pela atenção a essa população. Este trabalho tem como objetivo analisar como os valores e a formação profissional influenciam na promoção da saúde no atendimento a crianças e adolescentes em uma Organização da Sociedade Civil de Florianópolis, Santa Catarina. A pesquisa, realizada em 2018, utilizou abordagem qualitativa com entrevistas semiestruturadas e análise temática. Os resultados foram organizados em duas categorias: Formação profissional: ultrapassando o tecnicismo em busca da promoção à saúde; e Educação moral, valores e cidadania: a promoção da saúde na contramão dos valores neoliberais. É fundamental a discussão sobre a formação profissional em busca de um cuidado mais humanizado na universidade de modo a promover indivíduos críticos e com capacidade de refletir, transformar e recriar o seu trabalho. Além disso, a educação moral e a promoção da saúde buscam elementos para transformação do status quo que vai além das práticas médicas e engloba a promoção da cultura da paz e de direitos humanos e à emancipação do ser humano.


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Artigo

Importância das habilidades de ensino em saúde atribuída por estudantes e professores universitários

Gaspar, F D R;
Abbad, G d S;
Lima, M. N. d.

10.1590/1981-7746-sol00304

Importância das habilidades de ensino em saúde atribuída por estudantes e professores universitários

O artigo teve como objetivo analisar a importância atribuída às habilidades de ensino em saúde por estudantes e docentes universitários dos cursos de Enfermagem e Medicina. Os dados foram coletados em 2017 com base na aplicação de duas escalas de habilidades de ensino em saúde a 315 estudantes e 80 docentes. Foram analisadas, por meio de testes não paramétricos, diferenças entre grupos de estudantes (tipo de curso, de instituição e faixa etária) e de professores (tipo de curso, de instituição, tempo de atuação e tipo de prática docente). Os resultados indicaram elevada importância das habilidades de ensino em saúde tanto para professores quanto para estudantes universitários. Foram observadas, também, diferenças significativas entre estudantes dos cursos de Enfermagem e Medicina, de instituições públicas e privadas, assim como de professores com tempos de atuação e práticas docentes distintas. Esse resultado incentiva a realização de pesquisas que avaliem as habilidades de ensino em saúde adotadas em cursos universitários, pois contribuem diretamente para o desenvolvimento de ações de formação docente.


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Resenha

Os múltiplos caminhos da privatização da saúde na América Latina

Sestelo, J. A. d. F.

10.1590/1981-7746-sol00242

Os múltiplos caminhos da privatização da saúde na América Latina


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Ensaio

Epidemia de Covid-19: questões críticas para a gestão da saúde pública no Brasil

Epidemia de Covid-19: questões críticas para a gestão da saúde pública no Brasil

A epidemia de Covid-19 exigiu planejamento imediato do Ministério da Saúde brasileiro. As ações do governo mostraram contradições entre a presidência e o Ministério da Saúde. O objetivo deste ensaio é a reconstituição das ações do governo federal no enfrentamento da pandemia por Covid-19. Tais ações traduziram-se em uma política organizada em três frentes: o protagonismo dos governadores; o falso dilema entre a economia e a saúde e; a militarização do Ministério da Saúde com preenchimento dos quadros do corpo técnico por militares. Nos quatro meses iniciais após o registro do primeiro caso de Covid-19, o Ministério da Saúde saiu da linha de frente das ações e os estados conduziram as principais medidas de enfrentamento por meio da compra de materiais e serviços da iniciativa privada. Instaurou-se falsa cisão entre as medidas sanitárias e as medidas de retomada econômica. A condução da saúde pública foi repassada para militares, alterando o campo técnico-político. O modo de gerir baseado na negação da epidemia e na ausência de proposições pelo Ministério da Saúde caracterizou-se pelo abandono às medidas de proteção à saúde, objetivado na pergunta ‘E daí?’, proferida pelo presidente da república quando questionado sobre os óbitos no Brasil.


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Ensaio

Educação a distância na reprodução do capital: entre a ampliação do acesso e a precarização e alienação do trabalho docente

Benini, E G;
Fernandes, M D;
Petean, G H;
Penteado, R C;
et al.

10.1590/1981-7746-sol00307

Educação a distância na reprodução do capital: entre a ampliação do acesso e a precarização e alienação do trabalho docente

A educação a distância tem avançado no contexto brasileiro, locus no qual é percebida como objeto de estudo deste ensaio. Ao considerar as mudanças no processo de trabalho docente engendradas pela modalidade a distância, este estudo teve como objetivo tensionar o desenvolvimento da produtividade do trabalho docente por meio da sua racionalização e sua possível relação com o valor da força de trabalho em sentido amplo. De forma específica, analisa a funcionalidade da educação para a reprodução ampliada do capital, assim como suas contradições positivas e limites e tendo como mote o processo de Bolonha, as implicações de uma zona livre educacional. As principais conclusões alcançadas foram: se, por um lado há uma democratização do acesso à educação, a racionalização do trabalho, além de possibilitar uma educação mais acessível, relaciona-se, de forma imediata, com a precarização e alienação do trabalhador docente e, intrinsecamente e de forma mais ampla, com a diminuição do valor da força de trabalho geral, uma vez que diminuem os custos relacionados com a produção da mercadoria força de trabalho.


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Errata