A Trabalho, Educação e Saúde (TES) é uma revista científica em acesso aberto, editada pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fundação Oswaldo Cruz.

Sob a reestruturação produtiva, enfermeiros, professores e montadores de automóveis se encontram no sofrimento do trabalho

  • Acacia Zeneida Kuenzer
  • Acacia Zeneida Kuenzer

    Professora Titular do Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná, pesquisadora da área de Educação e Trabalho. Doutora em Educação pela PUC-SP



Resumo

Este artigo propõe-se a discutir as possibilidades e os limites da intervenção social e da satisfação no trabalho dos profissionais da saúde, buscando compreender em que, nos limites do capitalismo, eles se aproximam dos trabalhadores da educação e dos trabalhadores diretamente produtivos. Para tanto, o texto discute a dupla face do trabalho, enquanto produtor de valores de uso e de valores de troca, relação dialética que compõe uma totalidade por contradição. É essa dupla face que, ao mesmo tempo, nega o humano, ao gerar relações sociais alienantes, e o produz, ao afirmá-lo enquanto indivíduo e enquanto humanidade. No capitalismo contemporâneo, marcado pela acumulação flexível, as demandas por ampliação da qualificação dos profissionais da saúde e da educação acentuam esta contradição com base em uma característica muito peculiar do seu trabalho: a sua natureza não-material. A partir desta discussão, o artigo demonstra que, tal como ocorre na educação, a progressiva mercantilização dos serviços na área da saúde, com suas peculiares formas de organização e gestão, se por um lado acentua a dimensão do sofrimento no trabalho, por outro lado também pode potencializar, diante do caráter práxico do trabalho, o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento das desigualdades sociais.

Palavras-chave

sofrimento do trabalho,
mercantilização dos serviços de saúde,
reestruturação produtiva,
trabalho em saúde,
trabalho em educação

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