e-ISSN: 1981-7746
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Este ensaio busca expor o conceito 'corpo trabalhador' e desenvolver uma reflexão crítica sobre o princípio educativo da estética e a origem do conhecimento artístico apreendido na teoria marxista como forma de contribuição para os estudos desenvolvidos na área de Trabalho e Educação, na qual identificamos uma lacuna quanto à questão estética como elemento de problematização da história cultural do trabalhador. A partir desta análise, o texto apresenta as principais demandas ideológicas e metamorfoses conceituais da teleologia burguesa da arte e do ensino de arte no Brasil nos documentos oficiais da legislação educacional brasileira mais recente.
Qualificação profissional: uma tarefa de Sísifo. Cláudia Mattos Kober Campinas/SP: Autores Associados, 2004, 172 pp.
O trabalho em saúde: olhando e experenciando o SUS no cotidiano. Emerson Elias Merhy, et al. São Paulo: Hucitec, 2003, 296 pp.
A miragem da pós-modernidade: democracia e políticas sociais no contexto da globalização. Silvia Gerschman e Maria Lúcia Werneck Vianna. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003, 227 pp.
Este artigo apresenta parte dos resultados de uma pesquisa com trabalhadores numa refinaria de petróleo, durante a implantação de novas tecnologias em sua planta industrial. A pesquisa buscou verificar o que estas modificações no processo de trabalho produzem na saúde dos trabalhadores. Os resultados mostraram que as novas tecnologias de automação alteram o conteúdo do trabalho, pois a máquina embute a ciência, não deixando mais transparecer o nexo causal entre a doença e a ferramenta de trabalho. Com base nos resultados, discutem-se aspectos que podem contribuir para a construção de uma nova pedagogia de educação para a saúde, que tome o trabalho como princípio educativo.
Propõe-se neste artigo uma reflexão sobre o uso do conceito de integralidade como dispositivo de abordagem crítica na formação de profissionais de saúde. Coloca-se em destaque a escuta das necessidades de saúde, como um meio para construção de uma prática de cuidar participativa, ética, solidária e centrada no vínculo. Frente ao contexto analisado, aponta-se como desafio para a formação em saúde: a conscientização dos profissionais para atuarem criticamente face ao processo de responsabilização e comunicação dialógica entre governantes, gestores, usuários, instituições formadoras e demais setores da sociedade, visando a integralidade da atenção em saúde.
Este artigo é parte de um estudo empírico sobre as mudanças no trabalho em saúde, em função da incorporação de novas tecnologias. O estudo caracteriza-se por uma abordagem interdisciplinar e o referencial teórico que orienta a pesquisa tem como base os conceitos de reestruturação produtiva, competência e subjetividade. Tendo como foco a organização dos serviços e as novas demandas para os trabalhadores de nível médio do ponto de vista da sua qualificação, a pesquisa analisa a relação homem-trabalho na perspectiva das mudanças tecnológicas, das competências laborais, da autonomia, da comunicação e da linguagem. Os resultados do estudo indicam algumas tendências do processo de trabalho que apontam a tecnologização da assistência e do trabalho em equipe, e a necessidade do desenvolvimento profissional e de reestruturação do trabalho em saúde. Entre os desafios levantados, destacam-se a valorização do trabalho e do trabalhador, a incorporação do conceito de competência, o reconhecimento das relações subjetivas e o processo de comunicação.
Este artigo reflete acerca da organização do trabalho da enfermagem no contexto do trabalho em saúde. Sustenta-se teoricamente nas formulações do materialismo histórico-dialético sobre o processo de trabalho humano, em uma abordagem crítica do conceito de profissão elaborado pela sociologia das profissões e em algumas teorias do campo da administração que vêm influenciando o trabalho da enfermagem. Teve por base os dados obtidos em 6 (seis) pesquisas de campo que resultaram em 3 (três) dissertações de mestrado e 3 (três) teses de doutorado que trataram do tema, utilizando a abordagem da pesquisa qualitativa e envolvendo a participação de representantes dos diversos grupos que compõe a equipe de enfermagem. Conceitua organização do trabalho incluindo a perspectiva da vivência nos locais de trabalho e das relações macrossociais. Ressalta que as transformações que vêm ocorrendo no mundo do trabalho têm influenciado o trabalho em saúde, mas que o modelo de organização continua influenciado pela lógica taylorista. Conclui que a realidade da organização do trabalho da enfermagem pode ser mudada pela ação coletiva dos profissionais de enfermagem, em aliança com os demais setores organizados da sociedade e atendendo as necessidades dos usuários dos serviços.
O artigo examina, primeiramente, os resultados de uma pesquisa com indivíduos que procuravam emprego por meio de encaminhamento do Sine - Sistema Nacional de Emprego - de Florianópolis (Santa Catarina), com o propósito de apreender as características mais marcantes de sua vivência como desempregados. Em seguida, ao analisar o significado do desemprego no interior da lógica societal capitalista, conclui que os desempregados se encontram numa situação de dificuldade e, no limite, na impossibilidade de vender não somente a força de trabalho, mas qualquer mercadoria, e, dessa forma, também na impossibilidade de comprar os meios de subsistência para poderem produzir suas vidas como seres humanos. Daí se pode entender que as características de suas vivências são expressão, no seu cotidiano, da produção de sua degradação como seres humanos e, ao mesmo tempo, de suas tentativas de reação a este processo.
O artigo apresenta algumas reflexões acerca do processo de regulação da formação do agente comunitário de saúde. Faz um breve histórico da criação da ocupação à profissionalização do agente comunitário de saúde, das mudanças exigidas nas formas de organizar os processos de produção de serviços e de formação dos trabalhadores do setor saúde. Apresenta, a seguir, as ações desenvolvidas pelo Ministério da Saúde na construção de instrumentos que subsidiem as instituições formadoras na elaboração dos programas de profissionalização dos agentes comunitários de saúde. Por fim, explicita algumas questões colocadas para os atores incumbidos do desafio de propor a formação profissional para além da atualmente definida.
O artigo tem como tema a profissionalização da atividade do agente comunitário de saúde, no contexto das reformas sociais formuladas no processo de redemocratização do Brasil nos anos 80 e 90, com ênfase na Reforma Sanitária brasileira. O argumento central é a existência de uma relação entre projetos de renovação das práticas sociais em saúde, como a reorganização da atenção básica de saúde a partir dos Programas de Agentes Comunitários de Saúde (Pacs) e Saúde da Família (PSF), e a emergência de nova categoria de trabalhador em saúde, que exige um esforço de profissionalização, entendida como educação profissional específica e regulação da atividade no mercado de trabalho em saúde. Primeiro, trabalha-se o contexto em que se definem políticas sociais de saúde como parte da constituição da cidadania social, que se baseia nos princípios da universalidade e da igualdade entre beneficiários. No segundo momento, trata-se da emergência desse novo agente, do seu papel no processo de mudança na produção da saúde e do papel do Estado na normalização de sua atuação e regulação no mercado de trabalho em saúde. Por fim, reflete-se sobre os desafios que a recente regulação da profissão traz para a formação profissional dos trabalhadores em saúde, cujo enfrentamento favorece a implementação da estratégia de Saúde da Família e auxilia na consolidação do processo de reforma social.
A experiência aqui relatada nasce de crises e tensões presentes no cotidiano de trabalho de um serviço de atenção primária à saúde. Surge, também, do esforço em transformar esse conflito em 'cuidado' dirigido ao conjunto da equipe. Para tanto, duas vivências que se estruturam para responder a tais desafios conformaram um projeto mais amplo de educação permanente em saúde, o "Cuidando do cuidador". Essa iniciativa buscou mobilizar e fazer circular valores e sentimentos que, usualmente, são pouco considerados em processos de educação no trabalho. Ao dar visibilidade a estas dimensões intersubjetivas, foi possível tornar presentes questões essenciais para pensar o papel de cuidador de que deve estar investido o profissional de saúde. Com o uso de recursos sociodramáticos em diferentes espaços do projeto, viabilizou-se, ainda, um movimento de sensibilização que se inicia no profissional e em sua identidade como pessoa, passa pelo reconhecimento do outro (colega de trabalho e paciente) e chega a um coletivo mais amplo, o institucional. O desenvolvimento do projeto ajudou a entender que a humanização de nossos serviços exige, igualmente, reconhecer que nós, cuidadores, também somos frágeis e humanos.