e-ISSN: 1981-7746
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Este texto é parte da pesquisa "A Formação do Cidadão Produtivo"³, que tem por objetivo analisar as políticas de ensino médio técnico nos anos 80, bem como as reformas educativas nos anos 90. Observa-se que muitas noções ou conceitos têm significado próprio nos embates da ideologia da globalização ou da mundialização do capital, mas podem ser resgatados em formas societárias alternativas, tais como trabalho e trabalhador produtivo, cidadania, cidadão produtivo e emancipação, se resgatados na sua historicidade. A idéia de cidadania, se a entendemos como parte de um projeto emancipador, apresenta alguns obstáculos em relação à democracia e ao trabalho na concepção liberal. Tanto no sentido liberal da cidadania como direitos civis, políticos e sociais do indivíduo, quanto no sentido marxiano de cidadania coletiva, o termo tem exigências que remetem, no Brasil, à forma histórica de inserção restrita dos cidadãos brasileiros na comunidade política. Distancia-se, também, das reformas educativas em curso no ensino médio técnico, com seus cursos breves modulares, com a redução do saber e da técnica às questões operacionais, aos valores pautados pelo individualismo e pela competitividade exigidos pelo mundo empresarial.
O objetivo deste ensaio é refletir sobre o trabalho a partir da Teoria Crítica da Sociedade. Examinam-se alguns conceitos associados a ele, tais como o de práxis, sacrifício e dominação.
Objetiva-se aqui analisar as mudanças contemporâneas no mundo do trabalho e os seus efeitos ou impactos nos processo de trabalho em saúde. Trata-se de uma análise que toma como referencial teórico uma vertente dos estudos do trabalho em saúde desenvolvida no Brasil, no campo da saúde coletiva, que, partindo do pressuposto da consubstancialidade entre trabalho e necessidades sociais, vai aprofundar a investigação dos processos de trabalho e seus elementos constituintes, bem como da dimensão intersubjetiva e ético-moral da produção de serviços de saúde. Considerada, de um lado, a complexidade dos objetos de trabalho em saúde que requerem simultaneamente o aprofundamento vertical do conhecimento especializado e a sua integração e, de outro, a introdução de novos modelos organizacionais/gerenciais e a constante inovação e incorporação tecnológica, observam-se mudanças marcantes nos processo de trabalho, dentre as quais destacam-se: o caráter multiprofissional e interdisciplinar das práticas de saúde, o redimensionamento da autonomia profissional diante da necessidade de recomposição dos trabalhos especializados, e a necessidades de garantir maior e permanente qualificação profissional para o conjunto dos trabalhadores em saúde, tanto na dimensão técnica quanto na ético-política e comunicacional.
Resgatando a discussão sobre a origem das competências na pedagogia e sua possível ressignificação ao subordiná-la ao conceito de qualificação como relação social, questiona-se, aqui, a possibilidade de essa noção orientar a construção de uma pedagogia contra-hegemônica. Tal questionamento é realizado analisando-se possíveis relações entre a pedagogia das competências, o (neo) pragmatismo e o chamado construtivismo radical, que podem estar fundando uma epistemologia pós-moderna, coerente com algumas tendências contemporâneas da Filosofia da Educação, com implicações sobre as teorias pedagógicas. Demonstrando que essas tendências negam a objetividade do conhecimento, admitindo-se o relativismo e o subjetivismo, conclui-se que a construção de uma pedagogia contra-hegemônica deve superar os princípios que dão significado à noção de competência e resgatar o trabalho como princípio educativo sob a perspectiva histórico-crítica das relações sociais.
Aborda-se, aqui, o tema da orientação acadêmica de alunos do Ensino Médio que participam do Programa de Vocação Científica (Provoc). Criado em 1986 pela Fiocruz, o Provoc consolidou-se como um modelo educacional na área de iniciação científica que ultrapassa os limites do campus de Manguinhos, no Rio de Janeiro, para difundir-se junto a outras instituições de pesquisa do país. O objetivo é propor uma análise das formas de participação de pesquisadores de renomadas instituições científicas, como orientadores de jovens que ainda não fizeram suas escolhas profissionais. A relevância estratégica desse tipo de programa institucional tem levado um grande número de pesquisadores-orientadores do Programa a refletir sobre questões e problemas, até então, abordados exclusivamente por especialistas em educação. A maioria dessas discussões resulta na formulação de propostas pedagógicas que devem ser levadas em consideração pelos atores sociais envolvidos no processo de consolidação e ampliação do Programa. Todavia, não são os resultados quantitativos, em si, que precisam ser avaliados, mas sim os argumentos que têm norteado as ações dos pesquisadores. Além da compreensão dos princípios gerais que orientaram a institucionalização do Provoc, busca-se entender como, por que e em que contextos culturais específicos se constroem as concepções da iniciação científica no Ensino Médio.
Este ensaio analisa as formas contemporâneas do capitalismo, voltando-se para as miragens postas pela sociedade do espetáculo e os simulacros de massa, assim como para as vertentes culturalistas, relativistas e populistas do pensamento pós-moderno, mostrando como essas variações em torno da cegueira enfraquecem a tradição crítica acumulada pelas gerações anteriores, no Brasil e no mundo.
Este trabalho se originou do Seminário Choque Teórico, realizado no Rio de Janeiro de 2 a 4 de dezembro de 1987 e organizado pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fundação Oswaldo Cruz. Convidado a participar desse seminário para tratar da concepção de politecnia, fiz uma exposição oral, não baseada em texto escrito. A exposição foi gravada e transcrita, tendo sido publicada em livro (Saviani, 1989) acompanhada do debate que se lhe seguiu. As oito intervenções ocorridas no debate foram objeto de respostas relativamente longas em que tive oportunidade de explicitar melhor vários dos pontos abordados na apresentação do tema. A parte I deste artigo é constituída pela versão revista da exposição apresentada no referido seminário. A parte II retoma a discussão do conceito de politecnia, trazendo novos elementos para a compreensão de seu significado, em correlação com a situação histórica atual.
Muitos esforços têm sido empreendidos em todas as regiões do país para se levar a bom termo a concretização da política de qualificação profissional na área da saúde. O Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem (PROFAE) é a expressão maior desse propósito, que teve como características essenciais a descentralização e as parcerias, pelas diferentes regiões do país. Neste relato, realizado pela Agência Regional de Minas Gerais, destacam-se aspectos de sua atuação que contribuíram para significativos avanços, junto a todas as instituições envolvidas na implementação dos cursos de Complementação do Ensino Fundamental (CEF) e de Qualificação Profissional de Auxiliar de Enfermagem (CQP).
Lucie Tanguy é socióloga e diretora de pesquisa do CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique), Laboratório "Trabalho e Mobilidades" (Universidade Paris X - Nanterre). Há mais de vinte anos, estuda as relações entre Educação e Trabalho, dedicando-se à análise das políticas e das instituições de formação, dos grupos profissionais, das qualificações e das competências. Atualmente, dirige, no CNRS, o programa europeu "Educação e Formação na Europa". No Brasil, inúmeros livros e artigos de sua autoria vêm sendo publicados e sua produção acadêmica tem servido de referência para os debates em torno da educação profissional. Na presente entrevista, concedida às editoras da revista Trabalho, Educação e Saúde1 em visita à Escola Politécnica ocorrida em julho do corrente ano, a autora trata de questões fundamentais aos debates sobre a formação profissional, inclusive no campo da saúde, a saber: a capacitação como categoria política, o papel da escola na formação profissional, a noção de competência, as possibilidades de sua apropriação pelos trabalhadores e a discussão recente sobre educação profissional no contexto francês.
Resenha