e-ISSN: 1981-7746
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Este estudo se propõe a analisar as concepções de educação profissional dos agentes de saúde pública (ASP) presentes na formulação do Programa de Formação de Agentes Locais em Vigilância em Saúde (Proformar) e como estas concepções são apreendidas pelos tutores do referido Programa no município do Rio de Janeiro. Trata-se de uma pesquisa empírica, de abordagem qualitativa, com análise de fontes documentais e entrevistas semi-estruturadas com os tutores do Proformar lotados no município do Rio de Janeiro. Os resultados da pesquisa demonstram que o propósito do Proformar de capacitar os ASP, tornando-os vigilantes ambientais com visão crítica, é apreendido pelos tutores, entendendo que a construção da identidade do trabalhador de nível médio do Sistema Único de Saúde (SUS) ocorre no seu processo de trabalho pela compreensão do território-população, como espaço da produção social da saúde. Os tutores assimilam as concepções de educação profissional do ASP, que apontam para o rompimento do conceito de competência calcado na lógica do mercado e da produção, avançando no sentido da valorização da experiência dos trabalhadores e do seu desenvolvimento como sujeitos políticos.
O objetivo deste trabalho consistiu em verificar o caráter das relações entre os membros das equipes de saúde da família e sua forma de atuação, por meio da identificação de temáticas que promovam convergência e divergência entre os profissionais de nível universitário e os de nível médio. Foi desenvolvido um estudo qualitativo, com a aplicação da técnica de grupo focal, para identificar a opinião e a percepção dos profissionais das equipes do PSF sobre os cursos de capacitação de que participaram e sobre as atividades desenvolvidas nas Unidades de Saúde da Família. Foram cinco os temas abordados: capacitação da equipe, responsabilidades na equipe, retaguarda ao PSF, relação com a comunidade e o PSF como modelo assistencial. As temáticas que geraram mais consenso entre os dois grupos, profissionais universitários e profissionais de nível médio, foram: a capacitação da equipe e a retaguarda ao PSF. Os demais temas - responsabilidades na equipe, relação com a comunidade e o PSF como modelo assistencial - geraram divergências. A pesquisa também possibilitou identificar a existência de dificuldades nas relações entre os membros da equipe e de limitações no sentido de uma atuação integrada e interdisciplinar.
Este artigo é produto do trabalho de investigação sobre iniciativas de inovação curricular, com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), em escolas médicas públicas de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, uma delas vinculada ao Programa de Incentivo às Mudanças Curriculares no Ensino Médico (Promed). Ressaltam-se três questões na análise do material empírico, uma de natureza metodológica, outra de natureza política e uma última de natureza histórico-cultural e científica, correspondendo ao que se apresenta neste artigo: a discussão sobre o conceito de inovação; os desdobramentos da análise das falas que possibilitaram mapear a situação atual da formação do estudante de medicina nas instituições selecionadas, traçando um quadro da visão e das concepções pedagógicas de educação médica e do nível de conhecimento das DCN, sob o ponto de vista de professores e estudantes; e as expectativas dos estudantes quanto à sua formação relacionada ao mundo do trabalho. A metodologia adotada segue os princípios da pesquisa qualitativa, razão pela qual a técnica de entrevista utilizada é o grupo focal, que oferece material empírico, analisado teoricamente, e que retorna aos atores (professores, gestores e estudantes) em atividades práticas com vista às inovações curriculares.
Este artigo propõe uma metodologia para estimar a dimensão ocupacional do setor de atendimento à saúde e destaca o papel fundamental deste setor para a geração de ocupação e a elevação do perfil de qualificação do mercado de trabalho nacional. A análise parte do pressuposto que o setor de atendimento à saúde, como os demais segmentos vinculados à política social, tem o trabalho como elemento central da organização de sua atividade. Embora as novas tecnologias auxiliem a atividade no setor, possibilitam apenas uma substituição limitada do recurso humano. Assim, parte importante dos riscos inerentes aos atendimentos não é passível de reversão, devendo ser prevenidos sistematicamente, o que exige uma política recorrente de qualificação e regulamentação dos recursos humanos em saúde. A análise toma por base os dados do Censo Demográfico de 2000 e da Relação Anual de Informações Sociais para 2001.
A proposta deste artigo é apresentar alguns resultados de uma pesquisa que analisou as relações entre saúde e trabalho nas escolas da Grande Vitória (ES), articulando pesquisa e programa de formação, com base numa perspectiva epistemológica centrada na atividade de trabalho. Buscou-se um modo de produção de conhecimento que se efetivou a partir da construção de um espaço de diálogo entre os saberes advindos da experiência dos professores e o conhecimento produzido pelos pesquisadores. Com esse objetivo, foi criado um plano de trabalho que incluiu, numa primeira fase, a aplicação do questionário SRQ e, a partir dos resultados obtidos, a construção de um Programa de Formação-Investigação em Saúde e Trabalho nas Escolas da Grande Vitória para os docentes. Como resultado da pesquisa-formação, destacam-se o início da construção de uma rede em cada escola e entre as escolas da Grande Vitória para o debate sobre as relações saúde-trabalho, que está se efetivando por meio de um site, e o desdobramento do processo de pesquisa-formação para outros municípios do estado. Os resultados da pesquisa indicam a urgência da construção de métodos de pesquisa que privilegiem a experiência dos professores como um saber indispensável para a compreensão das articulações saúde e trabalho nas escolas.
O presente ensaio põe em destaque as relações existentes entre conhecimento, poder e ética. No início de um novo milênio, não são poucas as implicações decorrentes das conquistas no campo das ciências da vida, cujas repercussões se refletem no cotidiano de trabalho dos profissionais de saúde e atualizam a interrogação quanto ao que é ou que não é 'bom' para o homem. Na trajetória da humanidade, a vida (do próprio homem, da natureza e dos outros seres não pertencentes à espécie humana) marca o motivo e o objetivo do conhecimento. No contexto das biotecnologias, coloca-se uma pergunta: em que medida estamos nos distanciando daquele motivo primeiro? Três autores se destacam, neste ensaio, na busca por uma resposta: Martin Buber, Hans Jonas e Emmanuel Lévinas. Eu e Tu, O princípio da responsabilidade e Humanismo do outro homem são obras que afirmam a 'alteridade' como motivo da ética. 'A presença do outro' é o que funda o encontro ético. O encontro com o 'diferente de mim' inaugura o 'ato de conhecer' e a ética.
O texto discute o papel da educação a distância (EaD) na formação dos profissionais de saúde, com vistas à democratização das oportunidades no contexto das estratégias que visam à consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS). Partindo da experiência do Curso de Formação Pedagógica em Educação Profissional na Área de Saúde: Enfermagem (executado pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fiocruz, e promovido pela Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Ministério da Saúde), o texto apresenta estratégias capazes de, nesta modalidade, mediar propostas pedagógicas comprometidas com políticas públicas que buscam corresponder às demandas da educação em saúde como direito social. Constatando a necessidade de ampliação da oferta de projetos desta natureza no campo da saúde e reconhecendo os temores dos docentes e alunos em face do 'canto das sereias eletrônicas' e dos riscos de aligeiramento e descolamento político de formações promovidas nesta modalidade, reitera-se a crença de que a EaD é, antes de mais nada, educação.
A crescente integração das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) aos processos de comunicação e educação torna necessária a concepção de novas formas de se organizar e ofertar o ensino. Neste contexto, o presente artigo aborda a educação a distância (Ead) apontando para os riscos implicados em se confundir inovação técnica com inovação pedagógica e destacando a importância de se transferir o foco da discussão sobre a EaD da 'modalidade' para o 'método', da organização do ensino para os modos de ensinar e aprender. Para isso, é preciso considerar a técnica em sua dupla dimensão - objeto de estudo e ferramenta pedagógica - e a educação em seu caráter interdisciplinar. A abordagem aqui apresentada contrapõe-se à concepção tecnicista do ensino, deslocando a tecnologia do centro do processo educacional e colocando em destaque a dimensão histórica e social da educação. Acredita-se que, mais que uma forma de preencher as lacunas do sistema educacional, a EaD tende a se tornar um elemento regular dos atuais sistemas de ensino, podendo contribuir para a democratização do acesso à educação, caso se realize na perspectiva da aprendizagem aberta e de forma integrada com o ensino convencional.
This article intends to give continuity to the debate on - and the reflections about - Distance Education (EaD). With this purpose in mind, we make, in the first place, some general considerations about this type of education and the use and development of the New Information and Communication Technologies (NTIC) in present society. Secondly, and mostly in connection with teachers' training, we suggest that there is a need for a 'critical didacticism', able to break away from the technicist models that, to date, have predominated in EaD. For this purpose, we try to recover or to approach the political and ethical dimensions of teaching and those that encourage the development of critical subjects and professionals.
Se presenta una experiencia de cooperación en red de instituciones de formación de técnicos en salud y la facilitación de la Organización Panamericana de la Salud (OPS), incluyendo el contexto de cambio y las nuevas políticas de recursos humanos con sus implicaciones en el mundo del trabajo y la educación. Constituye una síntesis integradora de los procesos socio-afectivos y técnicos que le dan fuerza y dinámica a la Red de Técnicos en Salud (Rets). Se considera su creación, objetivos, estructura y organización, así como la gestión de la OPS y de los actores institucionales denominados Núcleos de Desarrollo (Nudes) con sus proyectos dinamizadores. Por último, se señalan las valoraciones y avances de lo realizado por los actores de los distintos países de América Latina y el Caribe Hispano. Se destaca la utilización de novedosos mecanismos de gestión en la cooperación técnica al reflexionar sobre los factores que influyen en la sostenibilidad y el éxito de experiencias en red con potencial movilizador y articulador para la cooperación horizontal en un mundo globalizado.
Saúde pública e educação constituem as principais áreas de atuação do professor Victor Vincent Valla, desde que chegou ao Brasil, nos anos 1960. Graduado em Educação, com mestrado e doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-doutorado pela Universidade da Califórnia, atualmente Valla é pesquisador titular do Departamento de Endemias Samuel Pessoa da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp), pesquisador do Laboratório de Pesquisas sobre Práticas de Integralidade em Saúde (Lappis) e professor adjunto da Universidade Federal Fluminense (UFF). Valla é autor de uma vasta obra sobre cultura, participação, cidadania e religiosidade, explorando a relação intrínseca destas temáticas com o campo da educação em saúde. Nesta entrevista, discute o conceito e as práticas de educação popular, a noção de 'capacitação técnica', a cultura religiosa, a pobreza e a saúde pública, destacando a necessidade de se compreender as percepções e a vida cotidiana das classes populares e a importância desta abordagem para o aprimoramento da formação do profissional de saúde e, portanto, do Sistema Único de Saúde (SUS).