e-ISSN: 1981-7746
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A comparação parte da analogia que é o processo de perceber as diferenças e semelhanças na relação com o outro, pessoas e objetos. A questão do outro e do reconhecimento da alteridade é a base do conhecimento da identidade de si mesmo e da distinção em relação aos demais seres. Assim como as ciências têm uma gênese e um desenvolvimento ao longo da história da humanidade, as questões epistemológicas também possuem uma historicidade. Ao refletir sobre a verdade dos estudos comparados, sobre sua epistemologia, vemos que eles se fazem compreensíveis e convincentes na medida em que a sociologia, a história, a antropologia, a política, a educação etc. são remetidas à história de sua elaboração. Nelas estão presentes os sujeitos sociais que as produziram e as ideologias que permearam suas ideias sobre a verdade científica. Neste texto, após algumas questões preliminares que o tratamento do tema requer, a saber, conhecimento e verdade, história e historicidade e o sentido da comparação, apresento alguns autores de referência que se ocuparam do tema e, a seguir, alguns estudos comparativos que desenvolvi em elaborações anteriores sobre a questão.
A partir dos discursos sobre tecnologia presentes nas falas mais abrangentes sobre a educação profissional, pretende-se trazer elementos de entendimento das formulações normativas no quadro da atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996). Faz-se então a análise dos discursos sobre a tecnologia que se articulam numa 'tecnologia' dos discursos de discussão e proposição da educação profissional e sua repercussão na formulação legal, desde o projeto de lei n.º 1.258/88 até a resultante redação final que se constitui na lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Num movimento conclusivo, considera-se a perspectiva de pesquisa, de debate reflexivo, para a construção de propostas que levem em conta a educação profissional como formação humana e como práxis transformadora das relações trabalho-tecnologia-profissão-educação, na especificidade concreta de cada situação e no conjunto das situações. Uma perspectiva de resgate da educação profissional como uma política plenamente pública, voltada para os interesses da maioria, a classe trabalhadora.
Este artigo pretende afirmar a idéia da existência de um programa marxiano de educação dentro do qual se destacam: o trabalho, a escola e a práxis como atividade político-educativa. Defende-se que o problema da educação em Marx se constitui numa elaboração complexa em que vários elementos se mostram organicamente articulados. O programa marxiano de educação aparece relacionado às elaborações marxianas feitas em face de três elementos importantes do cotidiano (educativo) das classes trabalhadoras: o caráter educativo das relações contraditórias do trabalho (ainda que se refira ao trabalho abstrato), o momento da educação escolar, de preferência em união com o trabalho, e, por último, a práxis político-educativa desenvolvida nos diversos momentos associativos dos trabalhadores nos sindicatos, partidos, locais de moradia etc., quando os trabalhadores atuam política e coletivamente como classe social defendendo seus interesses e fortalecendo sua organização, sua educação/formação política como classe social potencialmente revolucionária. Partindo de uma nova concepção a respeito da relação trabalho e práxis, procura-se discutir a absolutização do trabalho e o esquecimento da práxis realizados pela tradição dos estudos da área. Considera-se que esse esquecimento da práxis mutila e empobrece a contribuição do programa marxiano de educação.
O presente artigo apresenta resultados empíricos de pesquisa sobre as concepções e práticas das Escolas Técnicas do Sistema Único de Saúde (ET-SUS), influenciadas pelas políticas de educação profissional em saúde dos anos 1980 aos 2000 pelo Ministério da Saúde, a saber: Projeto Larga Escala, Programa de Profissionalização dos Auxiliares de Enfermagem (Profae) e Política de Educação Permanente. Tendo como base as correntes pedagógicas que estiveram em disputa no âmbito dessas políticas, apresenta-se a análise do material empírico qualitativo, composto por textos acadêmicos coletados com a revisão de literatura. Outra fonte empírica foram entrevistas realizadas com coordenadores pedagógicos, com as quais procuramos identificar dimensões do nosso objeto que se revelam na interação com os sujeitos da pesquisa. O material escrito foi submetido à análise de conteúdo, seguida da análise histórico-dialética, com base na categoria 'relação teoria-prática'. Procuramos captar as principais contradições que dificultam ou potencializam a educação profissional em saúde no sentido da emancipação da classe trabalhadora. A contraposição entre o pragmatismo e a filosofia da práxis foi a base dessa análise. As conclusões deste texto tratam dessas contradições, dialogando com a concepção de educação politécnica que tem o trabalho como princípio educativo, orientada para a práxis social transformadora.
É desejável e necessário compreender historicamente a origem da concepção de politecnia associada à formação integrada, assim como da própria formação integrada, dois termos cuja polissemia pode conduzir a interpretações diversas e mesmo antagônicas. Tanto a concepção de politecnia quanto de formação integral aparecem na literatura ligadas à formação escolar, ainda que não se refiram exclusivamente a ela. O objetivo deste texto é duplo. Pretende, de um lado, situar ambas as concepções no universo teórico do materialismo histórico, ressalvando que, por não serem exclusivas deste universo, comparecem em outros, com diferentes significados. De outro lado, intenciona examinar, com algum detalhe, de que forma dois autores-chave - Marx e Gramsci - elaboram suas visões sobre as relações entre a educação e o trabalho mediadas pela concepção da politecnia e da formação integral e, de forma bastante breve, quais as aproximações e distanciamentos entre eles, relativamente a tal questão.
O presente texto busca explicitar a concepção de educação e de projeto de sociedade que está na origem e desenvolvimento da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, tarefa teórica e ético-política que se impõe com o início do Programa de Pós-graduação strictu sensu de Educação Profissional em Saúde. Enfatiza-se, nesta análise, que o tempo histórico que vivemos é de regressão no campo social, político e educacional e que, portanto, os desafios do curso de mestrado que se inicia são mais complexos. Trata-se de produzir, mediados pela teoria, a compreensão da urgência de se construir, desde agora, na disputa contra-hegemônica, processos educativos que conduzam as novas gerações a entender o caráter cada vez mais inviável da sociedade capitalista centrada na competição, desperdício, consumo e violência. Com base nesta compreensão, produzir a subjetividade coletiva da necessidade política da práxis revolucionária para a superação da sociedade capitalista.
Este trabalho apresenta resultados preliminares da pesquisa "Formação de tecnólogos em saúde no Brasil: tendências, situação atual e a relação quantidade-qualidade". Inicialmente, são analisados dados dos censos da educação superior (1991-2006), buscando-se identificar as principais características da evolução da oferta dos cursos de formação de tecnólogos em saúde, destacando-se o caráter privado da explosão da oferta, a partir, principalmente, dos primeiros anos deste século e, como consequência, da reforma da educação profissional dos anos 1990, no Brasil. Em seguida, apresentam-se questões sobre o perfil do tecnólogo, sobre as características históricas desses cursos e a pertinência de sua oferta na área da saúde, comparando-se as especificidades da formação do técnico, do tecnólogo e do bacharel. Como conclusão, são assinalados indicativos para a continuidade desta pesquisa, com vistas à realização de estudos comparados sobre a formação de tecnólogos em saúde no Brasil e em outros países.
Neste trabalho, retomamos os aspectos principais de um trabalho anterior que teve o objetivo de dar prosseguimento ao balanço da produção científica do GT Trabalho e Educação, a partir dos trabalhos selecionados e discutidos pelo grupo nas Reuniões Anuais da Anped (1996 a 2001), retomando a pauta de temáticas apresentadas em balanços similares, analisando a produção de 2002 a 2007. Do ponto de vista teórico-metodológico, o GT orienta-se pelo materialismo histórico, contempla também a discussão de outras linhas teóricas e tem como compromisso a transformação das formas de exploração e amesquinhamento do ser humano. Do ponto de vista dos conteúdos, os temas recorrentes mais presentes são os seguintes: trabalho e educação - teoria e história; trabalho e educação básica; trabalho e educação nos movimentos sociais; educação do trabalhador nas relações sociais de produção; e profissionalização e trabalho que se constituem no tema principal do período mais recente que analisamos neste texto.