e-ISSN: 1981-7746
Contato
- Avenida Brasil, 4.365 - Manguinhos - CEP 21040-360 Rio de Janeiro - RJ - Brasil
- Contato Principal
- Coordenação editorial
- (21) 3865-9850
- revtes.epsjv@fiocruz.br
- Contato para Suporte Técnico
- fernanda.barcelos@fiocruz.br
Objetivou-se nesta pesquisa quantitativa descritiva analisar o apoio institucional nas equipes que aderiram ao Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica. A coleta de dados foi realizada no período de fevereiro a outubro de 2014, a partir do banco de dados da avaliação externa do programa. A amostra compreendeu 2.941 respondentes do módulo II e os 22 gestores que responderam ao módulo IV (on line). As variáveis foram analisadas por meio da estatística descritiva, com uso do software IBM SPSS e os resultados organizados e agrupados em três dimensões: características do apoio institucional; processo de trabalho do apoiador institucional e apoio da gestão na administração e planejamento dos processos de trabalho. Observou-se que o apoio é uma realidade na atenção básica, porém identificou-se, nas ações apoiadas, um traço normalizador e burocrático. O apoiador institucional foi avaliado positivamente, embora se encontre sobrecarregado pelo número excessivo de equipes sob sua responsabilidade, evidenciando-se a necessidade de um dimensionamento que leve em consideração o modo de operar a função apoio. Em virtude das características do instrumento de coleta, não foi possíve
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, com o objetivo de analisar os motivos de satisfação e insatisfação no trabalho, segundo os modelos assistenciais utilizados na atenção básica no Brasil: o tradicional e a Estratégia Saúde da Família. Foram entrevistadas vinte enfermeiras em Florianópolis, Santa Catarina. Os dados foram coletados entre março e maio de 2013, por meio da triangulação, entrevistas e observação, organizados no software Atlas.ti e examinados com base na análise de conteúdo. O estudo mostrou 25 diferentes motivos de satisfação e 23 diferentes motivos de insatisfação no trabalho. Não houve diferenças marcantes entre os dois modelos de atenção, e essas têm maior relação com a gestão municipal e com as condições de trabalho.
A pesquisa buscou identificar e avaliar os problemas bioéticos envolvidos no cotidiano de trabalho de profissionais de duas equipes da Estratégia Saúde da Família. Neste estudo qualitativo, realizaram-se entrevistas individuais semiestruturadas com 16 profissionais da equipe de saúde da família de Salvador, Bahia, de fevereiro a outubro de 2015. Utilizou-se a análise de conteúdo proposta por Bardin, assim como a bioética principialista e o pensamento complexo de Edgar Morin. Identificaram-se duas categorias: ‘Problemas bioéticos no cotidiano de trabalho da equipe de saúde da família’ e ‘A relação interprofissional na equipe de saúde da família’. Na primeira categoria, evidenciaram-se falta de companheirismo e colaboração entre os membros da equipe; ações verticalizadas da gestão; dificuldades em preservar a privacidade do usuário e dos profissionais. Na segunda, destacaram-se a disparidade de poder nas relações interprofissionais e o encontro ‘frio’ entre núcleo de apoio e assistência à saúde da família e equipe. Concluiu-se que a equipe de saúde da família não tem avançado no aperfeiçoamento do trabalho em equipe interdisciplinar. Os problemas identificados ferem os princípios do enfoque principialista da bioética, esgarçam o tecido social do trabalho na Estratégia Saúde da Família e contribuem para a descaracterização da atenção básica.
O estudo teve como objetivo avaliar, mediante revisão integrativa, o conhecimento produzido na literatura acerca das atividades desempenhadas pelos agentes comunitários de saúde no Brasil e em outros países. A busca de dados, realizada no período de 2010 a 2014, abrangeu: Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior; biblioteca eletrônica Scientific Electronic Library Online; Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde; Medical Literature Analysis and Retrieval System On-line e US National Library of Medicine National Institutes of Health. Dos 240 estudos identificados, 27 foram incluídos nesta revisão. A literatura evidencia as funções que os agentes comunitários de saúde exercem, em variedade de ações em diversos contextos geográficos e culturais. O agente tem diferentes inserções no mercado de trabalho e vivencia fragilidades, oriundas de contextos socioculturais da comunidade, da necessidade de maior reconhecimento do sistema de saúde e da equipe. Sua posição entre a comunidade e a equipe de saúde é estratégica, contribuindo para a saúde da comunidade. Deve-se proporcionar formação propícia à sua atuação e possibilitar o acesso à educação permanente, além de se promoverem recursos para maior valorização da equipe de saúde em sua relação com a sociedade.
O estudo que deu origem a este artigo teve por objetivo analisar como o agente comunitário de saúde avalia seu contexto de trabalho e os possíveis fatores que contribuem para seu sofrimento/adoecimento. Tratou-se de um estudo transversal, descritivo, de abordagem quantitativo-qualitativa, com agentes de saúde de 13 municípios da região central do estado do Rio Grande do Sul, no ano de 2014. Utilizaram-se para a coleta de dados um questionário sociodemográfico, o ‘Inventário de trabalho e risco de adoecimento’ e entrevista. Os dados foram examinados por meio da análise de conteúdo. As situações de sofrimento relacionaram-se ao não reconhecimento profissional, ritmos excessivos, sobrecarga de trabalho, conflitos com a comunidade, não resolutividade das ações, indisponibilidade de materiais e insumos somados à localização geográfica da unidade de saúde e das residências dos usuários, tipo de estratégia e gestão da saúde. Concluiu-se que o contexto de trabalho do agente de saúde pode resultar em sofrimento/adoecimento desses trabalhadores.
Este estudo propõe apresentar as experiências no trabalho do agente comunitário de saúde integralizando as relações intersubjetivas no território. A vinculação com a comunidade advém da sua implicação com as mesmas dificuldades da população que acompanha. Objetiva-se analisar as práticas cotidianas vivenciadas pelo agente comunitário de saúde no território da Estratégia Saúde da Família com ênfase nas relações comunitárias e os vínculos mantidos. Pesquisa com abordagem qualitativa em uma perspectiva crítico-reflexiva realizada no município de Fortaleza, estado do Ceará, de 2011 a 2013. Os participantes foram 11 agentes comunitários de saúde e 22 usuários de duas equipes da Estratégia Saúde da Família. Foram utilizadas como técnicas de coleta de dados a entrevista semiestruturada, a observação sistemática e o grupo focal. Os dados foram analisados sob os pressupostos da hermenêutica crítica. Os resultados evidenciam que, no cotidiano de trabalho do agente comunitário de saúde, as relações para o cuidado e promoção da saúde mantêm vínculos e afetos nos enfrentamentos comunitários, demandas e necessidades comunitárias. A informação e comunicação pelo diálogo dão sentido e significado às práticas de saúde e melhoria da qualidade de vida. Consider
A pesquisa analisou como o trabalho de educação sexual de adolescentes e jovens é desenvolvido na perspectiva da intersetorialidade de saúde e educação. Foram levantadas as características pedagógicas e metodológicas usadas por professores e profissionais da Estratégia Saúde da Família de um município do sul da Amazônia ocidental, assim como as perspectivas de interseção da escola com os serviços de saúde para a educação sexual. A pesquisa foi realizada no período de maio a setembro de 2013. Optou-se pela abordagem qualitativa. Após entrevista semiestruturada, utilizou-se a análise de conteúdo para o levantamento das categorias temáticas. O trabalho de educação sexual caracterizou-se por atividades pontuais motivadas pela demanda. A família foi considerada a principal responsável pela educação sexual, e o despreparo profissional mostrou-se fator importante para a não realização desse tipo de educação. As perspectivas intersetoriais pontuadas pelos participantes ficaram limitadas às ações já existentes na prática, como palestras e projetos, dentre outras. A intersetorialidade para o trabalho de educação sexual parece transitar no campo das ideias, amarrada aos discursos. Apesar de iniciativas governamentais a estimularem, essas perspectivas não têm dado conta da complexidade que envolve sua legitimação. É necessário que novas estratégias para o trabalho da educação sexual sejam discutidas.
O objetivo da pesquisa foi descrever como o tema dos determinantes e condicionantes de saúde foi contemplado no plano nacional e nos planos estaduais de saúde elaborados para o período de 2012 a 2015. Tratou-se de pesquisa qualitativa, do tipo análise documental, com foco no tema dos determinantes e condicionantes de saúde. Os referidos documentos foram buscados na página do Ministério da Saúde e nas das secretarias estaduais de saúde das 27 unidades federativas brasileiras. A busca também foi realizada no Sistema de Apoio à Construção do Relatório de Gestão, no website Google e com o envio de e-mails. Observou-se que o tema dos determinantes e condicionantes de saúde está pouco presente nos planos de saúde brasileiros. A maioria dos documentos utilizou o referencial do planejamento em saúde em perspectiva normativa, conforme proposto em documentos técnicos do Ministério da Saúde. A discussão sobre modelos de determinantes e condicionantes de saúde não estava presente nos documentos analisados, e houve uma descrição mista do tema por meio de dados desagregados e índices compostos. O estudo indicou a necessidade de maior atenção e revisão dos modelos de determinantes e condicionantes de saúde empregados na construção desses documentos técnicos.
A distribuição eficiente de profissionais de saúde, em especial os médicos, é um dos principais problemas enfrentados pelos gestores de políticas públicas da saúde. Na tentativa de resolver essa problemática, o estado de Pernambuco está ampliando o número de graduandos de medicina, inclusive de maneira interiorizada, e incentivando os programas de residência médica, com aumento de vagas e programas. Tais ações são estratégias para a fixação e o provimento do profissional médico. O objetivo geral do estudo que deu origem a este artigo foi apresentar a política de residência médica como estratégia de formação de recursos humanos para o Sistema Único de Saúde e demonstrar a carência de médicos especialistas em ginecologia e obstetrícia para o Sistema Único de Saúde de Pernambuco, a partir da desassistência ao parto. Os resultados encontrados demonstraram maior procura dos médicos pela especialidade de ginecologia e obstetrícia ao longo dos anos, porém existe grande concentração dessa especialidade na região próxima à capital (Recife) e de partos em determinadas localidades do estado.
O presente estudo partiu da percepção da existência de semelhanças e diferenças na relação teoria-prática em cursos de mestrado, modalidades acadêmica e profissional na área da Saúde Coletiva. Adotou-se como pressuposto que, nesta relação, as propostas de mestrado profissional não partem da prática profissional dos agentes como cenário para construir novos conhecimentos e tecnologias, mas tendem a reproduzir o modelo hegemônico de formação consolidado no mestrado acadêmico. A partir das categorias ‘relação academia-contexto profissional’, ‘quadro docente’, ‘trabalho final e justificativa para o curso’, o estudo com abordagem qualitativa realizou-se por meio de análise documental e de propostas de cursos, além de entrevistas com coordenadores dos cursos. Para aprofundar a discussão, selecionaram-se sete instituições de ensino superior que ofereciam cursos nessas modalidades. Conclui-se que essa relação é mais complexa no mestrado profissional, e que este, como prevê a legislação, buscou consolidar uma identidade distinta da especialização e do mestrado acadêmico, o que pode caracterizar a principal diferença entre as modalidades. No entanto, seus processos ainda adotam os mesmos referenciais e práticas que o mestrado acadêmico.
Com a instrumentalização da área de política, planejamento e gestão em saúde, o ethos político do sanitarista vem sendo posto em questão em sua formação. Assim, buscou-se caracterizar os componentes curriculares relacionados com essa área nos cursos de graduação em saúde coletiva do Brasil. Em junho de 2014, fez-se um levantamento de dados secundários das matrizes curriculares pelo site do Ministério da Educação, cuja unidade de análise foi o componente curricular, usando-se o termo de referência para os cursos de graduação em saúde coletiva como parâmetro. Os cursos apresentam ‘saúde coletiva’ como principal denominação (60%). A maior parte dos cursos se divide nas regiões Norte e Sudeste (27%) e em instituições públicas (93%). Sobre os conteúdos nas nomenclaturas, ‘planejamento em saúde’ é o mais citado (até sete vezes em uma mesma matriz) e em 60% do total dos cursos; 87% dos cursos não apresentam o termo ‘Sistema Único de Saúde’ como denominação de componente. Concluiu-se que sem uma padronização curricular, os futuros sanitaristas terão perfis diferenciados, atuando em uma perspectiva mais específica com tendência a um formato de gestão mais planificador e apresentando lacunas no que se refere aos conteúdos políticos e da defesa ideológica do Sistema Único de Saúde.
O estudo que deu origem a este artigo foi do tipo qualitativo, exploratório-descritivo, com o objetivo de analisar a vivência da competitividade pelo graduando de enfermagem. A coleta de dados foi realizada no período de março a maio de 2015. Os sujeitos foram vinte estudantes de graduação em enfermagem de duas instituições de ensino superior de Maceió, Alagoas. Utilizou-se uma entrevista semiestruturada para levantamento das informações e posterior análise temática. O referencial teórico adotado para análise dos dados partiu da concepção de competição de Caniato e Rodrigues, que tem suas bases teóricas e filosóficas na psicanálise freudiana e na teoria crítica da Escola de Frankfurt, em especial Adorno e Horkheimer. Percebeu-se que a competitividade é parte da vivência dos estudantes por ser considerada uma característica inerente ao ser humano, que naturalmente convive com ela no sistema capitalista. Esse comportamento competitivo pôde ser aguçado na graduação de acordo com o ambiente, a personalidade/índole e situações experienciadas. Constatou-se a existência de um conflito, pois os estudantes viam a competitividade como uma necessidade ante o ‘mercado’ de trabalho, mas a consideravam uma característica de caráter mais negativo.
O crescimento vertiginoso no número de escolas de Fisioterapia no Brasil carece de análise. Entre 1995 e 2008 houve um aumento de 476% do número de cursos localizados em grandes cidades e em instituições de ensino privadas. Com o objetivo de analisar a distribuição de escolas de Fisioterapia por regiões do Brasil, identificando-se as instituições com ensino presencial e a distância, realizou-se um estudo quantitativo, exploratório, transversal, a partir de dados secundários do site e-MEC em 2015. Foram relacionados o número de vagas e a distribuição de escolas, conforme estimativa populacional. Os cursos de Fisioterapia estão concentrados em grandes cidades, dificultando o acesso da população do interior. A maior concentração ocorre nos estados de São Paulo (239 cursos), Minas Gerais (152 cursos) e Paraná (120 cursos), onde também há o maior número de profissionais. Na análise de distribuição de cursos, identificou-se a necessidade de investir na abertura de cursos na região Norte. O crescimento desenfreado de escolas de Fisioterapia, somado à falta de critérios para a abertura de novos cursos no país, reitera as desigualdades na distribuição de profissionais.
O objetivo geral do estudo foi investigar limites e possibilidades da aprendizagem baseada em problemas na formação do fisioterapeuta. O estudo caracterizou-se como pesquisa de natureza qualitativa, com os dados coletados por meio de entrevistas e questionários realizados com docentes e discentes de um curso de fisioterapia, além de observações em sala de aula. Os dados foram analisados por meio da análise de conteúdo. Os três blocos temáticos definidos a priori trataram da concepção do processo saúde-doença, percepção e enfoque do currículo. Por fim, indicamos como limites na formação do fisioterapeuta a percepção do processo saúde-doença, falta de bases teóricas, falta de participação dos alunos, diferença de personalidades e estudo individualizado. As potencialidades apontadas relacionam-se a: boa comunicação, trabalho em conjunto promovendo habilidades profissionais, interajuda e discussão de assuntos, como a integração dos conteúdos e o estudo independente. Este trabalho apresentou indícios de que nas formações investigadas há mais limites do que possibilidades no que se refere à formação de um profissional mais crítico, reflexivo e humanista. Ainda reconhecemos a possibilidade do Problem-Based Learning como prática pedagógica em prol de uma formação mais humana e crítica.
Este artigo problematiza a singularidade da desigualdade social brasileira, produtora de uma ‘ralé’ estrutural e legitimada por uma hierarquia valorativa que separa pessoas em gente e subgente, cidadãos e subcidadãos; pessoas que devem ser vistas e respeitadas, de um lado, e pessoas desdenhadas, desvalorizadas, de outro. Posteriormente, abordamos como acontece a reprodução do esquema da desigualdade social na saúde pública, considerada de péssima qualidade e que contradiz, na prática, os preceitos constitucionais pelos quais o Sistema Único de Saúde foi criado, não beneficiando a proposta idealizada em seu cerne de garantir cidadania inclusiva e igualitária. Finalmente, propomos reflexões em torno da atuação dos assistentes sociais na saúde pública a partir do atendimento direto aos usuários, principalmente por meio das ações educativas, considerando-as como uma oportunidade para trabalhar, com a ‘ralé’, aspectos que mantêm tal classe exatamente numa situação de subcidadania e, por isso, receptora de atendimento desumano nos serviços públicos de saúde.
Trabalho e saúde no capitalismo contemporâneo: enfermagem em foco. Helton Saragor de Souza e Áquilas Mendes (orgs.). Rio de Janeiro: DOC Content, 2016, 116 p.
Escola ‘sem’ partido: esfinge que ameaça a educação e a sociedade brasileira. Gaudêncio Frigotto (org.). Rio de Janeiro: LPP/Uerj, 2017. 144 p.