e-ISSN: 1981-7746
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Para ser colocada em prática, a Vigilância da Saúde necessita que os trabalhadores de saúde estejam preparados para operacionalizá-la. O objetivo deste artigo é descrever a percepção de profissionais de saúde sobre as contribuições da articulação ensino-serviço para a implantação da Vigilância da Saúde. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, realizada no Distrito de Saúde Escola Butantã, no município de São Paulo. Foram sujeitos da pesquisa médicos e enfermeiros que atuavam nas unidades de saúde da região. Os dados foram coletados mediante entrevistas e analisados segundo a técnica do discurso do sujeito coletivo. Os resultados mostraram que, segundo os profissionais de saúde, a articulação ensino-serviço se efetiva pela supervisão dos alunos de graduação em Medicina e Enfermagem, no cotidiano das unidades de saúde. Para os profissionais de saúde, a contribuição da articulação ensino-serviço para a Vigilância da Saúde é pequena e se resume às atividades curriculares dos alunos. Falta um projeto político do município para a Vigilância da Saúde, e a academia poderia contribuir na sua elaboração. Conclui-se que, para a mudança das práticas assistenciais, é importante a construção em parceria, entre gestores, trabalhadores, docentes e alunos, de um projeto político-pedagógico
Este texto apresenta um relato da experiência de implantação de ações de saúde do trabalhador nos serviços de atenção básica no município de Amparo, no estado de São Paulo, ocorrida durante a gestão do período 2001 a 2008, visando contribuir na premente necessidade do SUS de implantação das ações de saúde do trabalhador. A análise realizada pelas autoras, protagonistas na gestão do processo, ressalta alguns dos elementos-chave para a efetiva implantação de ações de saúde do trabalhador na rede de atenção básica. Dentre eles, a Estratégia Saúde da Família (ESF), ao lado de outros elementos - como o modelo de matriciamento com ação pedagógica contínua e participação nos colegiados de gestão, a educação permanente e o protagonismo dos trabalhadores da saúde -, mostrou-se um facilitador do processo. Como elementos estruturantes da construção efetivada, apontam-se o modelo de gestão colegiada adotado pela secretaria e a forma de implantação do Centro de Referência de Saúde do Trabalhador no município. Todo esse arranjo promoveu uma interlocução permanente entre as equipes de saúde, da atenção básica e da referência especializada que foi indispensável para a experiência ocorrida.
Atualmente a epidemia de HIV/Aids está disseminada em todo o país e no mundo, infectando milhares de pessoas nos diferentes ciclos da vida. Deste modo, estratégias de prevenção, tanto individuais quanto coletivas, permanecem imprescindíveis para reduzir e controlar as taxas de transmissão. O objetivo do artigo é analisar as percepções dos profissionais de saúde sobre as práticas de educação em saúde realizadas por meio de ações coletivas com pessoas soropositivas para o HIV. Este estudo qualitativo de abordagem descritiva foi desenvolvido com profissionais de saúde em cinco instituições do município de Niterói, Rio de Janeiro. Foram utilizados a técnica de entrevistas semiestruturadas e o método de análise de conteúdo. A educação em saúde é vista pelos profissionais como modos de ensino e aprendizado, repasse de informações, troca de ideias e experiências, bem como crescimento mútuo, processo reflexivo e participativo, que contribui para minimizar sofrimentos, trabalhar expectativas e emoções, além de promover cidadania e qualidade de vida. As ações de educação em saúde possibilitariam recriar momentos participativos, interativos, cooperativos e inclusivos; suscitar desdobramentos socioafetivos e compromissos sociopolíticos; aproximar e humanizar as relações interpessoais; garantir acesso às medidas de prevenção, bem como auxiliar a produção de cuidados integrais capazes de promover saúde
O objetivo deste estudo foi analisar as competências que, desde a aprovação da lei n.º 11.889/08, incumbem ao técnico em saúde bucal (TSB) no Brasil, incluindo os termos definidos para sua supervisão. Foi realizada análise documental, comparando-se as competências definidas no referido instrumento legal com as previstas no parecer n.º 460/75 do Conselho Federal de Educação e na resolução n.º 63/2005 do Conselho Federal de Odontologia. Foram empregadas técnicas de análise temática considerando-se as habilidades em termos de ações diretas e indiretas distribuídas em quatro áreas de competência: planejamento e administração em saúde, promoção da saúde, prevenção de doenças e de assistência individual. Embora as competências aprovadas na lei tenham sido distribuídas em um número menor de itens, comparado aos dois outros documentos, do ponto de vista qualitativo, os resultados da análise permitiram concluir que vários avanços foram obtidos com a regulamentação da profissão, nos termos aprovados, em todas as áreas de competência. Houve impacto positivo para o processo de trabalho em saúde, tanto com relação à cooperação interprofissional quanto à supervisão técnica das atividades, representando uma conquista relevante dos trabalhadores da área e também uma contribuição significativa para avançar na ampliação do acesso aos serviços odontológicos
O objetivo deste trabalho é realizar uma reflexão sobre a implantação de metodologia ativa de ensino-aprendizagem da problematização nos cenários de prática da graduação em Farmácia. A problematização vem sendo utilizada como estratégia de ensino visando à formação de profissionais mais críticos, reflexivos, capazes de trabalhar em equipe e de aprender juntos. O farmacêutico com esse perfil é capaz de atuar no Sistema Único de Saúde (SUS) articulado com o contexto social, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, conforme preconizam as Diretrizes Curriculares Nacionais. Para isso, foram analisados qualitativamente os instrumentos de avaliação preenchidos pelos estudantes que destacaram as principais fragilidades e fortalezas do processo. Foi possível analisar os seguintes aspectos: cenários de prática; orientação discente; reorientação da formação e assistência. Conclui-se que, apesar dos grandes desafios ainda existentes, incluindo a inadequada capacitação dos docentes, esse modelo de educação está em consonância com o objetivo proposto
O objetivo deste artigo é analisar como conhecimentos sobre consumo de drogas e juventude foram incorporados às práticas sociais de participantes de oficinas para debate, sensibilização e instrumentalização de trabalhadores de instituições sociais, ocorridas há três anos. Foram realizadas 13 entrevistas, utilizando-se roteiro com questões sobre: temas discutidos e estratégias utilizadas, contribuição para o desenvolvimento pessoal e profissional, análise de situações-problema. Os resultados indicaram que os participantes desenvolvem práticas no trabalho e na vida caracterizadas por compreender a rede de causalidade imbricada no consumo de drogas, que envolve reflexões sobre mercadorização da droga, problemas decorrentes da criminalização e do mercado de trabalho. Foram também discutidos valores contemporâneos e dificuldades da família e da escola na socialização dos jovens. Nessa direção, observam-se cuidados para compor discursos que não culpabilizem os usuários. Preferir-se-ia uma atitude de compreensão e diálogo diante das situações-problema colocadas. Embora haja discursos que oscilem, entre formas hegemônicas e críticas de apreensão do problema, é possível perceber que a compreensão mais geral remete ao complexo sistema de produção, consumo e distribuição de psicoativos e à busca de soluções sociais ampliadas. As práticas sociais desenvolvidas, no entanto, evidenciaram ausência de políticas públicas para o enfrentamento do problema
Objetivou-se compreender a humanização das ações de enfermagem na concepção da equipe de enfermagem, apreendendo o significado de humanização na prática. Para isso, utilizou-se de estudo descritivo exploratório, com análise qualitativa, tendo como técnica a entrevista semiestruturada. Foram realizadas 12 entrevistas com cinco enfermeiros e sete auxiliares de enfermagem de um hospital público de Fortaleza, Ceará, em 2005. A análise dos dados foi feita após múltiplas leituras e interpretada de acordo com a análise de conteúdo, da qual surgiram duas temáticas: humanização - tratar bem, cuidar e respeitar; e vivenciando a humanização. Conclui-se que a equipe de enfermagem, embora tenha explicitado o conceito de humanização, apresentou noção acerca do significado e demonstrou a importância de cuidar além da doença, respeitando a criança como ser humano. Houve também a preocupação com a ausência de material, o que na visão de alguns sujeitos dificultaria a prestação de cuidado digno, menos doloroso e com resolutividade.
A proposta Avaliação para Melhoria da Qualidade da Estratégia Saúde da Família (AMQ) foi desenvolvida para oferecer, aos gestores municipais, ferramentas de avaliação e gestão da qualidade da Estratégia Saúde da Família (ESF). No presente estudo, apresenta-se uma perspectiva de avaliação mediante a AMQ, focada na percepção dos profissionais de saúde. Foram realizadas entrevistas com os profissionais de nível superior das três categorias mais envolvidas com a ESF, utilizando-se os instrumentos da AMQ referentes à avaliação de equipes, as quais foram comparadas em relação à qualificação profissional e ao tempo de implantação. As médias dos escores das equipes foram comparadas pelo teste 't' de Student, assumindo-se um nível de significância de 5%. Registrou-se uma percepção positiva das equipes, exceto para as subdimensões 'participação comunitária e controle social' e 'saúde do adolescente'. Equipes qualificadas mediante residência na área de saúde da família mostraram melhor desempenho. Os autores recomendam a ampla utilização do instrumento como forma de divulgação e consolidação da proposta de avaliação e monitoramento da qualidade na ESF e reforçam o papel da residência como medida privilegiada para a qualificação dos profissionais de saúde na atenção primária
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Este ensaio propõe uma discussão sobre a clínica na prática e na formação acadêmica da enfermagem com base em referenciais teórico-conceituais situados no campo da filosofia, tendo como pistas as relações de poder, saber e subjetividade presentes no encontro entre os sujeitos implicados com a produção do cuidado em saúde e com a formação acadêmica. A clínica na enfermagem foi impregnada pelo referencial biomédico, o que lhe conferiu alguns atributos que condicionaram sua prática: a pretensa neutralidade nas relações entre quem cuida e quem é cuidado, bem como a objetificação dos sujeitos, dos problemas e das necessidades de saúde que limita o olhar e as possíveis intervenções elaboradas no sentido de atendê-las. Nesta perspectiva, estas se pautam na compreensão da doença apenas em sua dimensão orgânica. Encontramos na filosofia espinosista a clínica como um encontro potencializador dos sujeitos, espaço de recriação e ressignificação da vida. Em Epicuro, esse encontro produz também desvios, movimentos aversos a estaticidade e apatia. Partindo dessas concepções, entendemos que a reconstrução da prática clínica no trabalho do enfermeiro passa necessariamente pela reconstrução das relações entre os sujeitos envolvidos na formação e pela produção de dispositivos mobilizadores de subjetividades
A socióloga Danièle Linhart é professora da Universidade Paris X - Nanterre e pesquisadora do Centro Nacional de Pesquisa Científica (Centre National de la Recherche Scientifique CNRS), onde está vinculada ao Laboratório Gênero, Trabalho e Mobilidade, do Centro de Pesquisas Sociológicas e Políticas de Paris (Laboratoire Genre, Travail et Mobilité/Centre de Recherches Sociologiques et Politiques de Paris GTM/CRESSPA). Realiza pesquisas sobre as transformações na organização e gestão do trabalho na empresa moderna, sendo autora de vários livros que tratam desta temática, como a coletânea publicada no Brasil, em 2007, A desmedida do capital. Participa, como coordenadora na França, do acordo de cooperação internacional Capes-Cofecub, que envolve a Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Cofecub é a sigla de Comité Français d'evaluation de la coopération universitaire avec le Brésil (Comitê Francês de Avaliação da Cooperação Universitária com o Brasil). A realização desta entrevista se deu no âmbito do desenvolvimento de atividades relativas à cooperação entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o CNRS, a propósito de estudos sobre a relação gênero, saúde e trabalho. Nesta entrevista,1 Linhart aborda a questão que denomina de penosidade do trabalho, a partir de uma análise das modernizações em curso. Trata ainda dos aspectos subjetivos presentes no mundo produtivo atual, assim como faz reflexões sobre os casos de suicídio ocorridos recentemente em empresas francesas.