e-ISSN: 1981-7746
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Este artigo tem como objetivo analisar as concepções que norteiam as práticas de promoção da saúde dos profissionais de uma unidade de saúde da família em João Pessoa, Paraíba, Brasil. Realizou-se uma pesquisa qualitativa, com técnicas de entrevista e observação participante, tendo como instrumentos a entrevista semiestruturada e o diário de campo. A coleta dos dados ocorreu em abril e maio de 2010. Os informantes-chave foram seis membros da comissão gestora de uma atividade de promoção da saúde e outros dois profissionais, indicados pela comissão, totalizando oito entrevistados. As entrevistas e o diário de campo foram analisados com base no método de análise de discurso. As categorias de análise foram concepções de promoção da saúde, conhecimento da Política Nacional de Promoção da Saúde e ações de promoção da saúde do planejamento à execução. Teve como referencial teórico os documentos das conferências internacionais sobre promoção da saúde e a Política Nacional de Promoção da Saúde. Percebeu-se que os entrevistados tinham um conceito ampliado de saúde, que influencia diretamente a concepção de promoção da saúde; entretanto, há incoerência entre o discurso e a prática. Espera-se que este estudo contribua para uma reflexão das atividades de promoção da saúde desenvolvidas pelos profissionais.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para as graduações da área da saúde foram aprovadas em 2002, na tentativa de romper com o paradigma biomédico na produção de conhecimentos e das profissões. Visando a adequar-se àquelas diretrizes, o curso de Fisioterapia da Universidade Estadual de Londrina reformulou sua grade curricular e, dentre as alterações, ampliou a carga horária e reestruturou as disciplinas de Saúde Coletiva. O objetivo deste estudo foi analisar se as ementas de Saúde Coletiva do novo currículo contemplam a formação de competências previstas nas diretrizes curriculares, bem como avaliar a percepção dos estudantes sobre sua formação para atuar na atenção básica. Para isso, procedeu-se à análise documental das ementas e de conteúdo das entrevistas com graduandos do último semestre do curso. Pôde-se constatar que as ementas analisadas contemplam conteúdos essenciais das ciências sociais e humanas na saúde, e que o estágio na atenção básica foi o que mais propiciou a vivência do trabalho em equipe. Os estudantes, apesar de avaliarem positivamente as aulas de Saúde Coletiva, sugeriram que as discussões teóricas fossem mais articuladas ao estágio, pois, desse modo, haveria mais oportunidades de apreender de forma mais efetiva a atuação do fisioterapeuta na atenção básica.
O objetivo desta pesquisa é analisar a prática social do trabalho do agente comunitário de saúde (ACS) no Recife, Pernambuco, Brasil. Para tanto, adotou-se uma abordagem qualitativa, cuja ferramenta teórico-metodológica está alicerçada no materialismo histórico e dialético. O ACS é singular na sua conformação, pois tem no seu contexto de trabalho e de moradia um importante recorte de classe social. Apesar da institucionalização do trabalho do ACS, ele mantém na sua prática referências forjadas na sua atuação popular e comunitária. Destacamos que a institucionalização do trabalho do ACS, por si só, é um processo contraditório e conflituoso do ponto de vista da política institucional, já que a prática desenvolvida por ele incorpora saberes e práticas populares que podem gerar tensões. Ao mesmo tempo, é importante lembrar que o território onde vive e atua o ACS exerce influência na produção do seu trabalho.
O trabalho analisa a trajetória das propostas de perfil profissional definidas na orientação dos currículos de cursos de Odontologia no Brasil até a implantação das novas diretrizes curriculares nacionais. É analisada também a situação atual dos cursos que adotaram tais diretrizes e a adesão ao Pró-Saúde, com orientação de formação para os serviços. Apresenta a proposta curricular dos conteúdos de saúde coletiva para o curso de Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina, sua lógica de construção, as atividades teóricas e práticas, a vivência de alunos e professores no Sistema Único de Saúde, cargas horárias e distribuição no currículo do curso. A proposta apresenta-se como uma alternativa inovadora cujo diferencial está sintetizado na ideia de formar o aluno com uma concepção de saúde coletiva que seja anterior à concepção odontocêntrica tradicionalmente ensinada, aproximando os estudantes de uma práxis da saúde coletiva.
Estudo de abordagem qualitativa cujo objetivo foi o de conhecer percepções de usuários de serviços de saúde atendidos por docentes e alunos de cursos de graduação em saúde de uma universidade de Santa Catarina, Brasil, sobre a repercussão dessa participação na sua qualidade de vida e saúde. Os dados foram coletados pela técnica da entrevista em profundidade com vinte indivíduos que buscaram atendimento nos locais onde eram realizados os processos de ensino-aprendizagem. O processo de análise-reflexão-síntese dos dados, com base no referencial teórico adotado, evidenciou repercussões positivas na qualidade de vida e saúde dos usuários, particularmente em razão dos atributos identificados nas interações que mediaram o atendimento às necessidades específicas apresentadas por eles. O conjunto de categorias identificado nas interações professor-aluno-usuário pode ser caracterizado como um construto de atenção humanizada em processos de ensino-aprendizagem, o qual por si só, pelos seus atributos de cuidado, representa um espaço terapêutico e de realização para todos os participantes. Processos dessa natureza podem contribuir para a concretização das diretrizes curriculares, integradas às políticas públicas em saúde, as quais orientam para a assistência integral e humanizada, tendo em vista a atenção à saúde para promoção da qualidade de vida da população em diferentes contextos.
Há um descompasso entre as exigências do mercado de trabalho em saúde e o ensino médio técnico profissionalizante. A busca pela compreensão de um dos aspectos relativos ao distanciamento entre a formação profissional do técnico em análises clínicas e as necessidades do mundo do trabalho é enfocada nesta pesquisa. O trabalho tem como objetivo geral compreender a metodologia de ensino utilizada por docentes em biossegurança de escolas técnicas de formação em análises clínicas concomitante ao ensino médio da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, tendo como campo para coleta de dados unidades de ensino da rede pública do Estado do Rio de Janeiro. Em se tratando de um estudo de caso com abordagem qualitativa, as informações foram obtidas através de entrevistas gravadas orientadas por questionário semiestruturado e analisados conteúdo e discurso de três docentes em biossegurança. Os resultados da pesquisa sugerem a necessidade de reformulações da prática pedagógica, possibilitando que a formação do técnico em análises clínicas ocorra de forma mais consoante às reais necessidades do mercado privado ou público representado pelo Sistema Único de Saúde.
Com mais de cem anos de história, a divisão do trabalho odontológico é um processo afeto a princípios distintos, às vezes antagônicos: o profissional (social) e o administrativo (técnico/econômico). As circunstâncias geradas pelo dinamismo histórico desses princípios contendores recursivamente redefinem as possibilidades de sua operação. No Brasil de hoje, o brutal excedente de cirurgiões-dentistas na composição de força de trabalho odontológico tem gerado anomalias no processo de profissionalização da odontologia brasileira; ineficácia e injustiças no processo de racionalização e expansão da divisão de trabalho (trabalho em equipe) no Sistema Único de Saúde, em particular na atenção básica orientada pela Estratégia Saúde da Família; e a perpetuação de disputas interpretativas sobre os instrumentos normativos do ordenamento jurídico, tal como a lei n. 11.889/2008 que regulamenta as profissões de técnico em saúde bucal e de auxiliar em saúde bucal. Tudo isso são elementos cruciais para o futuro da organização de oferta de saúde bucal na atenção básica, bem como a disposição futura da força de trabalho no processo de transição epidemiológica em curso no país, hoje ainda excludente.