e-ISSN: 1981-7746
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A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) propicia, desde o início da década, informações sobre a existência e a extensão do trabalho em afazeres domésticos. Esta informação, acrescida da jornada no mercado de trabalho, possibilita a construção de um indicador sobre a intensidade da jornada total de trabalho no mercado e extramercado. Este ensaio analisa a intensidade da jornada total de trabalho para homens e mulheres, considerando as condições de inserção ocupacional, o rendimento familiar e o ciclo familiar. A análise explicita que mulheres em ocupações menos estáveis, de menor qualificação, maior renda e com filhos mais jovens tendem a ter jornadas totais mais longas quando comparadas às dos homens em situação ocupacional e familiar semelhante e às das mulheres com ocupações mais qualificadas, de mais alta renda e também com filhos jovens. Os resultados do ensaio indicam a necessidade de políticas públicas capazes de construir instrumentos de proteção às mulheres e que considerem a diferenciação social relacionada ao tipo de inserção no mercado. Ademais, o estudo aponta que as políticas de emprego não podem ficar restritas ao mercado de trabalho, necessitando também alcançar as condições de organização do núcleo familiar.
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Este ensaio busca contribuir na construção de uma chave metodológica para interpretação do percurso e da situação atual da educação do campo, um fenômeno recente da realidade educacional brasileira, que tem os movimentos sociais camponeses como principais protagonistas. O texto inicia com uma análise da constituição originária da Educação do campo, identificando contexto, práticas e sujeitos. Em seguida, discute as tensões e contradições principais do seu percurso, especialmente as que se produzem na relação entre movimentos sociais e Estado, na afirmação de uma tradição pedagógica emancipatória e da luta por políticas públicas que garantam o acesso dos camponeses à educação escolar em seu próprio território. Por fim, são identificados alguns impasses e desafios principais da Educação do campo na atualidade, relacionando-os ao momento atual de crise mundial do capitalismo e como ela se materializa nas questões relacionadas ao trabalho do campo.
Com o objetivo de conhecer as formas de aprendizagem mais significativas para os acadêmicos do curso de enfermagem de uma universidade situada na região Sul do Brasil, realizou-se uma pesquisa de natureza qualitativa com 37 acadêmicos no período de maio a junho de 2007. Os dados, inicialmente, foram coletados por um instrumento contendo apenas uma questão norteadora: "Qual é a forma que você melhor aprende o conteúdo?"; em seguida, reuniu-se um grupo focal com nove discentes, onde foi discutida e aprofundada a temática. Os resultados deste estudo apontam que esses acadêmicos de enfermagem aprendem melhor o conteúdo por meio de atividades teórico-práticas; onde podemos inferir que a aprendizagem se torna significativa para o estudante na medida em que ele visualiza a sua aplicabilidade no cotidiano das atividades executadas pela enfermagem.
Este trabalho busca problematizar a relação sujeito-trabalho na sociedade contemporânea. De início, analisa as configurações dessa relação na história do ocidente, em especial a partir do final do século XVII. Num segundo momento, discute as especificidades dos novos processos de trabalho que vêm se consolidando em quase todo o planeta. A partir desse exame, constrói-se uma análise sobre as diferentes implicações sociopolíticas e subjetivas desta nova realidade da organização produtiva capitalista.
Este artigo fundamenta-se em uma pesquisa empírica de cunho social em que são analisados os significados atribuídos por estudantes de medicina aos agrupamentos formados por eles próprios em uma universidade pública, indagando-se a partir daí sobre a relação desses espaços com o desenvolvimento da cidadania em uma sociedade de consumo na qual importantes deslocamentos estão ocorrendo. Obteve-se o material empírico através de observações em diversos cenários de convivência dos alunos e de entrevistas realizadas com estudantes de medicina, tendo como referencial teórico noções da educação crítica e do pós-estruturalismo. Os resultados revelam que são hegemônicas no espaço universitário festas e celebrações de grande visibilidade e de forte aspecto mercantilista. Também acontecem grupos de estudo, encontros religiosos, debates sobre afirmação da raça e da opção sexual, atividades comunitárias e científicas, porém com menor visibilidade e prestígio. Nesse contexto, o centro acadêmico e o centro esportivo, além das suas finalidades respectivas de engajamento político-estudantil e de organização de práticas esportivas, se constituem importantes espaços de convivência entre estudantes em diferentes períodos da graduação. Com base nesses resultados, discutimos o relacionamento a ser estabelecido entre esses espaços e o currículo universitário, tendo em vista valores de solidariedade, liberdade e deveres sociais.
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Este ensaio procura discutir a participação política no SUS a partir da problematização das opções e concepções que orientam sua definição como controle social, operacionalizado por meio de mecanismos de representação de interesses. Desta forma, a intenção de promover uma reflexão sobre a participação política no SUS é remetida ao cotidiano institucional, como desafio de construção de modos de gestão participativos. O conceito de Política que adotamos se define não em termos de igualdade (formal) que se contrapõe às diferenças (sociais), mas como co-produção de realidade que se concretiza nas relações entre igualdade e diferença, como acesso e uso dos bens comuns, em sua capacidade indeterminada e aberta de criação de valor. Pensar a participação nestes termos significa tecer participações como possibilidade de instituir normas, e não apenas como controle da execução e fiscalização das normas existentes. A participação na saúde é pensada, deste modo, a partir do problema de constituição de uma política pública que consiga permanecer aberta e imprevisível, resguardando, contudo, condições materiais de igualdade. Nesse sentido, uma política pública que rompa com os mecanismos da soberania moderna ao incorporar em seus desenhos institucionais a imprevisibilidade da produção normativa, forjando-se como dispositivo ético de produção de valor.
Este ensaio procura discutir a participação política no SUS a partir da problematização das opções e concepções que orientam sua definição como controle social, operacionalizado por meio de mecanismos de representação de interesses. Desta forma, a intenção de promover uma reflexão sobre a participação política no SUS é remetida ao cotidiano institucional, como desafio de construção de modos de gestão participativos. O conceito de Política que adotamos se define não em termos de igualdade (formal) que se contrapõe às diferenças (sociais), mas como co-produção de realidade que se concretiza nas relações entre igualdade e diferença, como acesso e uso dos bens comuns, em sua capacidade indeterminada e aberta de criação de valor. Pensar a participação nestes termos significa tecer participações como possibilidade de instituir normas, e não apenas como controle da execução e fiscalização das normas existentes. A participação na saúde é pensada, deste modo, a partir do problema de constituição de uma política pública que consiga permanecer aberta e imprevisível, resguardando, contudo, condições materiais de igualdade. Nesse sentido, uma política pública que rompa com os mecanismos da soberania moderna ao incorporar em seus desenhos institucionais a imprevisibilidade da produção normativa, forjando-se como dispositivo ético de produção de valor.