e-ISSN: 1981-7746
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Diante da escassa elaboração de pesquisas sobre a rotatividade da força de trabalho no setor público de saúde no Brasil, este estudo objetivou avaliar o índice dessa rotatividade na rede municipal de saúde de Belo Horizonte, Minas Gerais. A partir de reconhecida inscrição na literatura de um parâmetro para o índice de rotatividade na área hospitalar e com base na distribuição da frequência observada neste estudo, formalizou-se um novo parâmetro para a rede ambulatorial, bem como valores para os pontos de corte no que concerne à classificação dos seus níveis qualiquantitativos. Tais valores subsidiaram a análise do comportamento do índice de rotatividade em relação às seguintes variáveis: vínculos empregatícios, distritos sanitários, serviços de atenção à saúde, categorias profissionais e atenção primária e secundária à saúde. O índice geral de rotatividade na rede municipal no período estudado (julho de 2008 a junho de 2009) foi de 8,35%, que, mesmo diante da dificuldade de construção da base de dados, a qual adveio da existência de distintas fontes de informação, apresenta, em termos estatísticos, validade interna.
A experiência brasileira de trabalho e formação de agentes comunitários de saúde (ACS) foi a base para a implementação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (Pacs) pela Direção Provincial de Saúde (DPS) de Luanda, em Angola. Esse relato reflete sobre a visita exploratória realizada, em 2009, nos municípios de Cacuaco, Cazenga, Kilamba-Kiaxi, Samba, Sambizanga e Viana, para conhecer as percepções e práticas dos ACS angolanos no que diz respeito ao seu trabalho e à saúde da população. Essa visita pretendia levantar subsídios para a discussão de cooperação técnica entre instituições brasileiras e a coordenação do Pacs da DPS, no sentido de fortalecer a formação de profissionais desse programa. Encontramos semelhanças e diferenças da experiência angolana em relação à brasileira, sendo que consideramos que os principais desafios do caso angolano são: a institucionalização do programa, a regularização do vínculo empregatício e a qualificação profissional dos agentes.
Com o presente artigo, busca-se relatar e analisar as relações entre saúde e trabalho de pequenos produtores rurais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Quanto à metodologia, adotou-se o aporte da investigação participativa e as bases da educação popular. O estudo realizado tornou possível uma compreensão de saúde e de trabalho mediante as narrativas dos trabalhadores e histórias relativas às lutas coletivas contra a exclusão e a violência no campo. Constataram-se importantes aspectos próprios a esse grupo populacional, como o sentido de conquista da propriedade da terra, os conflitos advindos da 'militância' e as diferenças de gênero e geração. Com base nos relatos, analisaram-se também os acidentes e os riscos relacionados à atividade de trabalho no assentamento rural, principalmente a exposição ao agrotóxico. Confirmaram-se, ainda, a solidariedade e a cooperação como valores importantes e como base de novas relações, um modo distinto de organização social coletiva do trabalho.
Apresenta-se uma revisão integrativa sobre estudos que abordam as relações entre profissionais de saúde e usuários durante as práticas em saúde. Objetivou-se identificar os aspectos pesquisados no cotidiano dos serviços acerca dessas relações. A coleta foi realizada nas bases Lilacs e Pubmed segundo os descritores: acolhimento; relações profissional-família; relações profissional-paciente; humanização da assistência; e a palavra 'vínculo' associada ao descritor Sistema Único de Saúde. Selecionaram-se 290 estudos publicados entre 1990 e 2010. Por meio da análise temática, foram criados cinco núcleos de sentido: a relevância da confiança na relação profissional-usuário; sentimentos e sentidos na prática do cuidado; a importância da comunicação nos serviços de saúde; modo de organização das práticas em saúde; e (des)colonialismo. Identificou-se que as relações estabelecidas nas práticas de saúde têm uma dimensão transformadora. No entanto, permanece o desafio de humanizar os serviços de saúde. A enfermagem se destaca na produção do conhecimento nessa temática.
Este estudo objetiva compreender a contribuição do 'ser enfermeira' no cotidiano de trabalho do 'ser gerente' no contexto hospitalar. Trata-se de um trabalho descritivo e exploratório de natureza qualitativa. Os sujeitos da pesquisa foram nove enfermeiras que ocupavam o cargo de gerentes de três instituições hospitalares. Os dados foram coletados por meio de entrevista semiestruturada e submetidos à análise de conteúdo. Evidenciou-se que a formação acadêmica de enfermagem conferiu às enfermeiras o conhecimento e as habilidades para o exercício profissional e para a adoção de uma visão administrativa. A vivência do 'ser enfermeira' é descrita como facilitadora das funções gerenciais. Observaram-se deficiências na formação acadêmica relacionadas às funções administrativas. Dessa forma, percebe-se que o ensino de graduação na enfermagem necessita ser reordenado, buscando a formação de profissionais que estejam em sintonia com as rápidas transformações da sociedade contemporânea.
Este artigo procura retomar a positividade do conceito de risco como um instrumento de análise da atividade humana. Para tanto, partese de uma análise da utilização do conceito de risco ao longo da história da epidemia da Aids, buscando-se evidenciar os motivos que conduziram a sua superação parcial por meio da utilização do conceito de vulnerabilidade, que permite apreender as dinâmicas sociais dessa síndrome. Analisa-se também a maneira como o conceito de risco é apreendido no campo da saúde pública, evidenciando a dimensão positiva desse conceito, frequentemente ignorada em sua utilização. Com base na concepção de saúde de Canguilhem, um dos pilares centrais para a elucidação dessa dimensão positiva do risco, e por meio de uma análise do conceito de sociedade do risco, em que este conceito passa a ser apreendido na contemporaneidade como mecanismo de poder e como estratégia de governo das populações, chegou-se à explanação de Nouroudine acerca da dimensão positiva do risco como dimensão centrada na atividade. O artigo conclui sugerindo que a utilização dessa dimensão positiva do risco pode auxiliar na compreensão e na intervenção de vários fenômenos sociais de difícil apreensão pelo campo da saúde pública.
A Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (Pneps) tem o intuito de realizar mudanças nas práticas pedagógicas e de saúde, alcançando, consequentemente, o aprimoramento dos profissionais. Este estudo teve o objetivo de analisar as seis experiências de educação permanente nos serviços de saúde no Brasil a partir da Pneps, por meio de uma revisão integrativa, propondo analisar de forma crítica as etapas dos estudos encontrados. Metodologia: pesquisa bibliográfica, nas bases de dados Bireme, Capes e BDTD, no período de 2004 a 2010. Foram analisadas apenas as experiências de educação permanente nos serviços de saúde no Brasil que abordam o conceito de educação permanente, os atores envolvidos, a metodologia da problematização e o financiamento, relacionados com a Pneps. As experiências publicadas estão de acordo com a Pneps, demonstrando que é fundamental problematizar a prática do trabalho, integrando os atores do quadrilátero da formação para a área da saúde: a gestão, a atenção, o controle social e o ensino. Este estudo poderá fomentar a publicação de outras experiências, transformando também os serviços de saúde em espaços de produção de conhecimento.
O agente comunitário de saúde (ACS) é considerado importante na implementação do Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente por fortalecer a Atenção Básica. Seu trabalho pode ter situações que gerem realização e experiências que condicionem a desmotivação. Este estudo objetiva caracterizar o processo de trabalho dos ACS de um território de Teresina, Piauí descrevendo suas percepções e identificando suas motivações em relação ao trabalho. Participaram do estudo 31 ACS. Trata-se de um estudo exploratório-descritivo com abordagem qualitativa. Para coleta de dados utilizou-se o método grupo focal, realizando-se seis grupos, um por equipe de saúde da família pertencente ao território. As discussões foram baseadas em três perguntas norteadoras, gravadas em MP4 e, posteriormente, transcritas e categorizadas. Criaram-se cinco categorias para apresentação e discussão dos resultados. Percebeu-se que, entre os ACS, há o entendimento sobre a importância do trabalho que realizam, contudo se sentem desmotivados por não receberem apoio e reconhecimento, em determinadas situações, da comunidade, da própria equipe e da gestão do município. Os agentes comunitários de saúde anseiam pela valorização do trabalho realizado.
Este ensaio analisa as Práticas Integrativas e Complementares (PICs) e objetiva mostrar as germinais (e potenciais) experiências de formação de profissionais nessa área com perfil para atuar no Sistema Único de Saúde (SUS). É apresentado um estado da arte de cursos na área das PICs, buscando sua interface com a Saúde Coletiva. Utilizaram-se autores das áreas de PICs e material da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares do Ministério da Saúde. Realizaram-se pesquisa conceitual sobre cursos que oferecem tais práticas e contatos com associações e coordenações de cursos dessas práticas. É possível afirmar-se que as PICs podem ser consideradas como estratégias de revitalização do sistema de saúde e de mudança no padrão biologizante e medicalizante do cuidado e da promoção da saúde. No entanto, evidencia-se o despreparo político e técnico de profissionais da saúde para atuar com PICs no SUS. Assim, julga-se essencial fomentar um processo educativo que forme profissionais das PICs em sintonia com as diretrizes do SUS e com os princípios da Saúde Coletiva.